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O formato do corpo de animais está mudando para lidar com mudanças climáticas, diz estudo

Pesquisadores verificaram que os bicos de aves e caudas de mamíferos estão ficando maiores. Entenda o que isso tem a ver com o aquecimento global.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 9 set 2021, 17h58 - Publicado em 9 set 2021, 17h51

O aquecimento global já é um dos assuntos mais comentados do ano. No último mês, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) divulgou um relatório sobre os diferentes cenários de temperatura  que o mundo pode esperar para as próximas décadas. E os animais nem precisaram ler o relatório para saber que a situação é grave – eles mostram isso com o próprio corpo.

Uma pesquisa publicada no periódico Trends in Ecology & Evolution mostra que algumas espécies estão alterando o formato do corpo para lidar com as mudanças climáticas. A equipe de pesquisadores percebeu que os apêndices (estruturas que se projetam para fora do corpo, como os bicos, caudas e orelhas) dos animais estão aumentando de tamanho. Essa é uma estratégia evolutiva para resfriar o corpo e combater o calor externo.

Muitas espécies de sangue quente (como aves e mamíferos) utilizam seus apêndices para regular a temperatura corporal interna. Os elefantes africanos, por exemplo, bombeiam sangue para as orelhas e as balançam para dissipar o calor. As aves, por sua vez, desviam o fluxo sanguíneo para o bico.

O primeiro a observar essa relação foi o zoólogo americano chamado Joel Allen, na década de 1870. Ele percebeu que animais de climas quentes tendiam a ter membros maiores quando comparados aos de clima frio. Os membros maiores conferem uma maior superfície de contato com o ambiente – e portanto, mais dissipação de calor.

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É só pensar no que você faz quando está com frio: tenta se encolher e trazer todos os membros para perto de si, para evitar perder calor. O melhor para animais de climas quentes, então, é projetar seus membros para fora. A relação entre clima e tamanho dos membros ficou conhecida como Regra de Allen.

O novo estudo verificou a mudança corporal principalmente em aves. O bico da cacatua de gangue (Callocephalon fimbriatum) e do papagaio-cinzento (Psittacus erithacus) estão de 4% a 10% maiores quando comparados a medições feitas em 1871. Esse “crescimento” não é uma escolha dos animais, e sim um resultado da evolução e adaptação ao ambiente ao longo dos últimos 150 anos. As aves com os bicos ligeiramente maiores conseguem dissipar melhor o calor e têm mais chances de sobreviver, passando seus genes para os filhos.

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Os pássaros são os mais afetados, mas não os únicos. Os cientistas também registraram aumentos no tamanho da asa de morcegos, no comprimento da cauda de ratos-do-campo e também no tamanho das pernas e caudas de musaranhos mascarados. Em resumo, o problema já atinge espécies diversas e de diferentes localidades do globo.

É notável que as espécies estão evoluindo para sobreviver, mas isso não significa que todas conseguirão. Algumas aves, por exemplo, precisam manter o formato dos bicos devido ao estilo de alimentação. Sem poder se alimentar ou resfriar o corpo, algumas acabarão morrendo – o que pode intensificar a extinção de espécies no futuro.

Mapear as espécies mais vulneráveis é essencial para que os ambientalistas aumentem os esforços de conservação. Mesmo assim, os pesquisadores deixam claro que a forma mais simples de preservar a vida destes animais é evitando a intensificação do aquecimento global. 

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