O HIV é inocente?
Um grupo de cientistas defende a mais rechaçada hipótese da Medicina atual: a de que a Aids não é contagiosa. Será que eles têm razão?
Flávio Dieguez / Com reportagem de Fábio Peixoto
Em abril deste ano, o biólogo molecular Peter Duesberg, da Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos, ficou profundamente animado ao receber uma carta assinada pelo presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. Era um convite para participar, naquele país, de um debate sobre a relação entre o HIV e a Aids. Duesberg, o mais destacado defensor da tese de que a síndrome não é causada pelo vírus, aceitou a proposta e foi até Pretória discutir com mais 30 especialistas escolhidos pelo governo local – metade deles partilhando da sua opinião. Após acompanhar as explanações, Mbeki manteve a posição de seu país em não fornecer drogas anti-HIV para mulheres grávidas. Afinal, se o vírus não causa Aids, não faria sentido tentar evitar a sua transmissão de mãe para filho. Ainda mais considerando o alto preço dos medicamentos para um país em desenvolvimento (cada uma das pacientes consumiria cerca de 10 000 dólares por ano com a terapia padrão).
A reação da comunidade científica internacional foi imediata. Em julho, pouco antes da 13ª Conferência Internacional sobre Aids, realizada em Durban, na própria África do Sul, cerca de 5 000 cientistas de 80 países assinaram uma declaração reafirmando a tese de que o HIV causa a Aids. A crescente pressão política e a revolta interna (que incluiu desde membros do Ministério da Saúde até Nelson Mandela, o padrinho político do presidente Mbeki) fizeram com que o governo sul-africano se retirasse do debate, permitindo que alguns hospitais do país passassem a oferecer drogas anti-Aids para gestantes. Mas a polêmica trouxe os chamados “rebeldes da Aids” de volta à mídia. Duesberg, espécie de porta-voz do grupo, que vinha tendo seus artigos e idéias sistematicamente boicotados no meio científico, encontrou novo espaço. “Graças a Mbeki”, disse ele na época, “a coisa está esquentando como nos velhos tempos.”
Ao falar dos “velhos tempos”, o cientista alemão radicado nos Estados Unidos se referia à segunda metade dos anos 80. Naquela época, ele era considerado por seus pares um dos maiores virologistas do mundo, pioneiro na descrição da estrutura dos retrovírus (categoria a que pertence o HIV). Eleito para uma cadeira na seleta Academia Nacional de Ciências americana em 1986 – e agraciado com uma dotação de verba de pesquisador emérito, da ordem de 500 000 dólares anuais – Duesberg chocou seus colegas no ano seguinte, quando tornou pública a sua tese de que a Aids não seria causada pelo HIV. Ao fazer isso, ele colocou em risco sua reputação e sua carreira: perdeu o respeito da maioria dos colegas e o financiamento para suas pesquisas. O cientista afirma que o boicote contra ele é sustentado pelos produtores de medicamentos contra o HIV (mercado que chega a movimentar mais de 2,5 bilhões de dólares por ano só nos Estados Unidos). Hoje Duesberg permanece à margem da pesquisa de ponta sobre o vírus e concentra seus esforços em atacar os pontos falhos que enxerga na teoria dominante.
Os “rebeldes da Aids” surgiram em 1991. Seu nome oficial é Grupo para a Reavaliação Científica da Hipótese HIV/Aids, que hoje conta com mais de 600 cientistas em diversos países. (Duesberg só se juntou a eles em 1993.) Todos eles acreditam que não existem evidências suficientes para atribuir a síndrome ao vírus. (Duesberg cita 4 000 casos de Aids no mundo cujos pacientes não tinham o HIV.) O assunto é tão polêmico que mesmo entre os cientistas do Grupo há várias interpretações. A biomédica australiana Eleni Papadopulos-Eleopulos, fundadora do Grupo, é da facção mais radical: ela sustenta desde 1988 que o HIV simplesmente não existe, por mais que já tenha sido fotografado com microscópios e geneticamente seqüenciado – Duesberg a critica veementemente por isso. Mas o membro mais ilustre do Grupo talvez seja Kary Mullis, que ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1993 por ter inventado o PCR (sigla em inglês para Reação em Cadeia da Polimerase), um método de identificação genética fundamental para a pesquisa contemporânea, incluindo o Projeto Genoma – e a forma mais eficaz para identificar a presença do HIV no corpo. Conhecido por seu perfil polêmico – discorda que a camada de ozônio esteja diminuindo, por exemplo – ele abandonou as pesquisas há algum tempo.
Duesberg mantém basicamente as mesmas posições desde o final dos anos 80. Ele aceita a definição corrente da Aids: um conjunto de doenças que ataca as vítimas devido à destruição de seu sistema imunológico. A sua divergência com a tese dominante está nas causas da síndrome. Em vez de ser contagiosa, a Aids seria um problema comportamental, ou uma “epidemia química”. Em um artigo publicado em parceria com o colega David Rasnick, em 1997, na revista Continuum, publicação ligada ao Grupo para a Reavaliação Científica da Hipótese HIV/Aids, Duesberg formulou os pontos principais da sua hipótese. Segundo ela, todas as doenças relacionadas à Aids que excedem o seu nível normal nos Estados Unidos são causadas pelo consumo de drogas recreacionais ou medicamentos anti-HIV. “Essa hipótese é baseada no único risco novo à saúde que emergiu durante os últimos 25 anos na América e na Europa: a epidemia das drogas”, escrevem os autores.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), até 1999 cerca de 85% dos casos de Aids naquele país ocorriam em homens – em sua esmagadora maioria homossexuais e usuários de drogas. “Isso se explica porque lá cerca de 80% dos usuários de drogas intravenosas são homens e porque homossexuais masculinos usam drogas afrodisíacas, anfetaminas e cocaína”, afirma Duesberg. E também porque o comportamento promíscuo, que seria mais comum entre os indivíduos desse grupo, implicaria em uma série de doenças que debilitariam o sistema imunológico. Para Duesberg, se a Aids fosse realmente contagiosa deveria ter se espalhado uniformemente pela população norte-americana. Mas e a África? Lá a síndrome ataca igualmente homens e mulheres. Duesberg rebate: a causa de imunodeficiência naquele continente não são as drogas, mas a fome. Na realidade africana, portanto, faria muito sentido o fato de a síndrome atingir igualmente os dois sexos – já que ambos são da mesma forma vulneráveis à falta de comida e aos estragos que a subnutrição faz no sistema imunológico.
O epidemiologista norte-americano Jay Levy, da Universidade da Califórnia, em San Francisco, tem uma visão oposta à de Duesberg. Ele atribui ao “efeito fundador” a predominância de casos masculinos de Aids nos países desenvolvidos. “A infecção pelo vírus começou essencialmente na comunidade homossexual”, diz ele. “O vírus se espalha mais rapidamente pelo contato anal-genital. Como esse tipo de transmissão é mais comum entre homossexuais, isso explicaria uma taxa inicial mais alta entre os homens”, afirma. Dessa forma, Levy acredita que o número de mulheres norte-americanas com Aids tende a aumentar nos próximos anos.
E o descobridor do HIV, o francês Luc Montagnier, do Instituto Pasteur de Paris, como se coloca nesse debate? Ele acredita que “ainda é necessário explicar por que a Aids não é tão heterossexualmente transmitida nos países desenvolvidos”. Montagnier criou há dez anos a hipótese dos “co-fatores”, que seriam fatores biológicos ainda não identificados, variáveis de região para região, capazes de alterar o padrão de infecção do HIV. Como ressaltou Levy, sabe-se que o risco de se pegar Aids numa relação sexual entre homem e mulher é pequeno, se comparado ao existente no sexo entre homossexuais masculinos. Montagnier supõe que um fenômeno biológico existente nos países em desenvolvimento poderia fazer esse risco aumentar: “Se um co-fator aumentasse em 100 vezes a infectividade do HIV, a transmissão heterossexual poderia se tornar comum”, diz. Essa hipótese do pesquisador francês é muito criticada pela comunidade científica internacional. Mas tem sido usada por autores “rebeldes” como indício de que o próprio descobridor do HIV estaria “voltando atrás” e desacreditando o vírus como causador da Aids.
Comparadas a essas explicações, as idéias de Duesberg tornam-se atraentes por sua flexibilidade. Mas essa mesma característica levanta dúvidas quanto à sua solidez científica. “A ‘hipótese da causa química’ é construída de forma inconsistente, exigindo a inclusão de novas causas à medida que o vírus se alastra pelo globo”, diz o virologista Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo. “Se nos Estados Unidos a causa da Aids é o excesso de exposição a agentes químicos e na África é a subnutrição, na Índia seria por causa do molho curry?”
Ninguém duvida que drogas e fome tenham efeito deletério sobre o sistema imunológico, mas a maioria dos cientistas sustenta que a Aids é um fenômeno específico e, vale ressaltar, sempre causado pelo vírus – que estaria presente em todos os casos da doença. Para Duesberg e os “rebeldes”, o HIV seria apenas um “passageiro”, pegando carona na fragilidade das defesas do corpo de quem usa muitas drogas ou passa fome. “O vírus é inofensivo e costuma ser rapidamente neutralizado pelo sistema imunológico de indivíduos sadios”, afirma.
Como suposta prova de que o vírus tem função neutra no que toca à Aids, Duesberg cita a demora do HIV em desencadear a doença – o que não combina com o comportamento da maioria dos outros vírus conhecidos, que ou atacam logo ou são rapidamente destruídos pelos anticorpos. Diante desse argumento, Zanotto é incisivo: “Esse cara parou no tempo”. Durante muito tempo se falou em um “período de incubação” aparentemente estável do HIV: o vírus permaneceria anos inofensivo, até causar a Aids e matar o paciente. Em 1996, um estudo feito pela equipe do biofísico Alan Perelson, do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos, demonstrou que essa imagem não batia com a realidade. “Na verdade, há uma luta entre o sistema imunológico e o vírus”, diz Avidan Neumann, biomatemático da Universidade Bar-Ilan, de Israel, que participou do estudo de Perelson. O tempo que o vírus fica “inativo”, na verdade, corresponderia ao período em que o corpo consegue se defender dele.
Se Duesberg está certo a respeito da inocência do vírus em relação à Aids, por que as pessoas soropositivas acabam, dentro de alguns anos, desenvolvendo a síndrome? Para ele, a resposta é que a imunodepressão é causada pelas drogas anti-HIV, como o AZT, que prejudicam a reprodução das células do sistema imunológico. Segundo Rasnick, parceiro de Duesberg no artigo publicado em 1977, essa droga, que durante muitos anos foi usada como a principal arma contra a Aids, teve seu lado ruim encoberto. “Em 1986, o estudo de licenciamento conduzido pelo Instituto Nacional do Câncer e pelo laboratório Burroughs-Wellcome erroneamente subestimou a toxicidade do AZT em 1 000 vezes”, afirma. “No entanto, desde 1987, a dose prescrita só foi reduzida em três vezes.”
Apoiado por Rasnick, Duesberg afirma que os remédios anti-HIV representariam “Aids por prescrição médica”, matando portadores do vírus. Basicamente porque, ao bloquear o vírus, bloqueia também o sistema imunológico do paciente. E pior ainda: seriam dados sem necessidade, já que os testes de Aids dão positivo quando encontram os anticorpos para o HIV – e não o vírus – no sangue dos pacientes (para ele, os anticorpos seriam justamente o sinal de que o organismo já erradicou o invasor).
Nesse ponto, Neumann, co-autor do estudo que concluiu que o tempo de incubação do HIV não significa que ele seja inofensivo, é outra voz a acusar Duesberg de anacronismo. Segundo ele, os métodos de detecção do HIV por meio de anticorpos não são mais usados sozinhos para determinar se alguém é soropositivo – e se deve ser medicado ou não. “Hoje ninguém é tratado se não se encontra o RNA (código genético) do vírus em seu organismo”, diz Neumann. O estudo do laboratório de Los Alamos demonstrou também que as drogas aumentam a capacidade do organismo de resistir ao vírus; conforme elas eram administradas, a quantidade de HIV no corpo diminuía e o sistema imunológico se recuperava. Mas a Aids acaba surgindo quando uma mutação do vírus consegue passar pela barreira imunológica e pelos medicamentos (quando se usa apenas o AZT isso pode ocorrer em poucas semanas – a vantagem do coquetel é a de que é mais difícil para o HIV escapar de várias drogas). Duesberg evitou comentar o artigo em que as evidências acima foram publicadas, dizendo que não tinha acesso a ele na Alemanha – país onde passa metade do ano, atualmente. Mesmo após receber uma cópia enviada por fax pela reportagem da Super, não teceu comentários.
Nem o mais ortodoxo defensor da tese de que o HIV causa Aids seria capaz de negar os efeitos colaterais das drogas que combatem o vírus. Os mais conhecidos são náuseas, irritações de pele, cansaço excessivo, diarréia e dores musculares. Os defensores da tese dominante reconhecem que essas drogas têm efeitos prejudiciais ao indivíduo. Mesmo assim, defendem que elas compensam o sofrimento que causam. Segundo especialistas brasileiros que defendem a ligação entre Aids e HIV, há estatísticas do Ministério da Saúde mostrando que, depois de 1996, as internações e os óbitos causados por doenças relativas à Aids caíram drasticamente. Desde então vem sendo oferecida sistematicamente aos brasileiros a terapia HAART (sigla em inglês para Terapia
Anti-Retroviral Altamente Ativa), muito mais eficaz do que os antigos tratamentos contra Aids. Isso provaria que medicamentos anti-HIV combatem a Aids, exatamente o contrário do que afirma Duesberg.
Muitos especialistas nem se dispõem a argumentar contra os “rebeldes”. O caso mais notório é o de Robert Gallo, que perdeu para Montagnier uma disputa de anos sobre quem seria o autor da descoberta do HIV. Amigo e companheiro de pesquisas de Duesberg durante mais de 15 anos, hoje Gallo acredita que as idéias do ex-colega “não merecem uma resposta”. Stefano Lazzari, membro da Organização Mundial de Saúde, reagiu da mesma forma ao tomar conhecimento das críticas do matemático australiano Mark Craddock, partidário de Duesberg, que defende a tese de que os dados sobre a Aids na África são exagerados. “Nós normalmente não respondemos a esse tipo de declaração não-científica”, afirma Lazzari. “Indivíduos que acham moralmente aceitável tentar alcançar fama negando o desastre que a Aids está trazendo aos países africanos não merecem muita atenção.”
Craddock afirma que os números de casos africanos de Aids mencionados pela mídia e pela indústria são previstos por um modelo de computador da ONU. “Em tudo o que se escreve sobre o assunto, as figuras citadas são os casos estimados, não o número de casos registrados.” No caso de Uganda, segundo dados da OMS, haveria 820 000 casos em 1999. Mas o número registrado pelos médicos daquele país chega apenas a 54 712. Lazzari defende a tese de que o modelo é necessário, já que na África não há estrutura adequada para o registro dos casos da síndrome. “Nós estimamos que menos de 10% dos casos de Aids são realmente reportados, devido a fraquezas do sistema de informação e a dificuldades no diagnóstico”, diz ele. De acordo com Lazzarini, os quase 800 000 casos registrados de 1980 a 1999 significariam mais de oito milhões de doentes de Aids na África.
Mas e no Brasil? Como Duesberg explicaria o fato de que, entre nós, a Aids tem crescido muito mais entre as mulheres do que entre os homens, independentemente de subnutrição ou uso de drogas? Muitas vezes elas desenvolvem a doença depois de pegar o HIV do marido. Questionado sobre o avanço da Aids no Brasil, Duesberg disse que “não analisaria tal situação até ver as estatísticas e aprender mais sobre as doenças que são diagnosticadas no país como Aids”.
Outro ponto controverso envolve os hemofílicos. Existem dados de um banco de sangue de San Francisco que demonstram que vários indivíduos foram infectados por HIV durante a transfusão de sangue e morreram de Aids anos depois. Isso aconteceu na primeira metade dos anos 80, quando ainda não se usava AZT. Sem poder colocar a culpa nas drogas antivirais, como os “rebeldes” explicariam esses casos, ocorridos em pessoas que não usavam drogas nem passavam fome? Para Rasnick, os casos de hemofílicos que morrem de Aids podem ser atribuídos a fatores anticoagulantes usados em transfusões: alguns deles seriam tóxicos e poderiam abalar o sistema imunológico.
Eduardo Massad, professor da USP que pesquisa formas de controle de doenças infecciosas, considera que o debate com Duesberg e seus partidários é infrutífero. “Mais importante do que continuar essa discussão é, em primeiro lugar, saber que quando você previne uma infecção por HIV, você não tem Aids. E, em segundo lugar, saber que quando o indivíduo está infectado com o vírus, o tratamento aumenta muito sua sobrevida e sua qualidade de vida”, diz ele. Críticas como a de Duesberg demonstram que a teoria que liga o HIV à Aids, mesmo sendo dominante no meio científico há quase duas décadas, ainda precisa ser melhor esclarecida. De outro lado, também não existem evidências científicas sólidas para afirmar que a tese dominante esteja errada. Ao que tudo indica, só o tempo trará respostas que sejam inquestionáveis e que tragam a cura. Exatamente pelo fato de a discussão ainda estar aberta, acesa e controversa, é fundamental prevenir. Se a Aids for uma síndrome causada por desnutrição e uso de drogas recreacionais, é fundamental alimentar-se bem e ficar longe de substâncias tóxicas. Se a Aids for mesmo obra do vírus HIV, é fundamental evitar a contaminação, notadamente por meio do sexo seguro.
Para saber mais
Na livraria: Vírus e Homens, Link Yaco, Ibooks, 2000
Na Internet:
https://www.rethinkingaids.com
Evidências de que o HIV causa Aids
https://www.quackwatch.com/04consumerEducation/hiv-aids.html
Center for Diseases Control and Prevention
https://www.cdc.gov/hiv/pubs/facts.htm
Organização Mundial de Saúde
https://www.who.int/health-topics/hiv.htm
Na locadora: E a vida continua – (And the band played on) Roger Spottiswoode, 1993
fdieguez@abril.com.br
Frases
“A epidemia das drogas é que causou a explosão da Aids nos Estados Unidos”
Peter Duesberg, virologista alemão
“Falta explicar por que, nos países desenvolvidos, a Aids é mais comum entre homossexuais masculinos”
Luc Montagnier, virologista franês
“A teoria defendida pelo meu ex-colega Duesberg não vale a pena ser discutida”
Robert Gallo, virologista americano