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O pássaro-elefante de 3 metros que viveu em Madagascar até a Idade Média

E como ele explica as extinções causadas pelo ser humano – que são muito mais antigas do que você imagina.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 set 2018, 17h28 - Publicado em 28 set 2018, 16h35

O pássaro extinto mais famoso da história sem dúvida é o dodô – um pombo de um metro de altura que vivia em Maurício, no Oceano Índico, e foi massacrado por marinheiros europeus no século 17 (que pena: um desses comendo migalha de pão na calçada seria fascinante).

Mas embora fosse mais fácil para os holandeses e franceses, com suas armas de fogo, matarem pássaros à rodo, a espécie humana tem um histórico de má-convivência com a natureza que antecede (e muito) a invenção da pólvora.

Os mamíferos e aves de grande porte que não eram nativos da África, como os mamutes lanudos siberianos ou as preguiças gigantes sul-americanas, evoluíram sem a presença do ser humano. Por isso, não aprenderam a ter medo instintivo daquele macaco africano com lança na mão – pelo contrário, se aproximavam dele com curiosidade, querendo saber do que se tratava.

Um mamute fornecia carne para uma tribo inteira. Quando ele se aproximava dando a tromba em sinal de paz, então, os Homo sapiens das cavernas agradeciam aos deuses pela refeição que se oferecia de bom grado – e passavam a faca no dito cujo. Assim, conforme nossa espécie se expandia pela Ásia e depois as Américas, deixava um rastro de desequilíbrio ecológico no caminho.

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Foi uma mistura de caça excessiva com mudanças climáticas que vitimou boa parte dos bichos de da época do filme A Era do Gelo. Os gigantes da África, como elefantes e girafas, só se salvaram porque acompanharam a evolução humana de perto – e, ao contrário dos animais dos demais continentes, sabiam que a gente não valia nada.

A exceção é Madagascar: a ilha, por causa de seu isolamento, só receberia seu primeiro Homo sapiens há cerca de 4 mil anos. Isso permitiu que se desenvolvessem por lá criaturas atípicas – e inocentes. Por exemplo: até o ano 1200 a.C., o lugar abrigou um pássaro três vezes maior que o dodô: o Vorombe titan (o da imagem ali em cima). 

Vale lembrar que nessa época a civilização europeia nem suspeitava da existência da África subsaariana. Eles estavam empacados na Idade Média, achando que o mundo se resumia a um feudo na França. Não se sabe ao certo se a extinção desse avestruz de 800 kg (e 100% vegetariano) foi culpa de caçadores de tribos locais, 700 anos antes da colonização. Mas alguns ossos com lascas e fraturas produzidas por ferramentas humanas depõem a favor da hipótese.

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Ossos do Vorombe titan. (James P. Hansford, Samuel T. Turvey/Wikimedia Commons)

“Esses pássaros-elefante eram os maiores da megafauna de Madagascar e talvez os mais importantes da história evolutiva da ilha”, afirmou ao britânico Independent o zoólogo James Hansford, da Escola de Zoologia de Londres (ZSL). “Animais grandes têm um enorme impacto no ecossistema em que vivem. Eles controlam o crescimento da vegetação, e espalham biomassa e sementes quando defecam. Madagascar está sofrendo com os efeitos da extinção desses animais até hoje.”

Hansford foi líder de um estudo publicado na semana passada que oficializou o posto do Vorombe titan como maior pássaro da história. Seu esqueleto já era conhecido desde 1984, mas não se sabia se ele representava uma espécie nova ou se era apenas um exemplar extra-grande de outra espécie, já conhecida. É compreensível: se um alienígena encontrasse o esqueleto do jogador de basquete Shaquille O’Neal daqui a mil anos, ele também ficaria em dúvida se existiu mesmo um ser humano de 2,16 metros.

 

 

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