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O primeiro dinossauro descoberto no Paraná andava em um dedo só

Conheça o Vespersaurus paranaensis – carnívoro pequeno e ágil que caçava no oeste do Estado na época em que a região era desértica.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 jan 2023, 22h02 - Publicado em 27 jun 2019, 18h56

Há 90 milhões de anos, no auge do período Cretáceo, um carnívoro caçava na paisagem repleta de areia e dunas do interior do Paraná – que, na época, era um local árido. Era um dinossauro não muito maior que uma motocicleta: tinha 0,8 metro de altura e 1,5 metro de comprimento, com pescoço e rabo compridos. A descrição da ossada recém-descoberta acaba de ser publicada no periódico Scientific Reports, em um artigo assinado por uma equipe de dez pessoas que inclui o paleontólogo Max Langer.

O Vespersaurus paranaensis, como foi batizado, se assemelhava ligeiramente a um velociraptor – o gênero de répteis magrelos com dentinhos afiados que faz par com o personagem de Chris Pratt nos novos filmes da franquia Jurassic Park.

A comparação, porém, serve só para fins ilustrativos. Os dinos do gênero Velociraptor (são conhecidas duas espécies) viveram nos atuais territórios da China e da Mongólia há algo entre 75 e 71 milhões de anos atrás – 20 milhões de anos depois do brasileiro recém-descoberto. Ou seja: os dois são distantes um do outro no tempo e no espaço. O período Cretáceo acaba há 66 milhões de anos – com o famoso evento de extinção em massa desencadeado pelo impacto de um asteroide. Você pode entender melhor a cronologia do Mesozóico – a era dos dinossauros – nesta reportagem.

Reconstituição do esqueleto do Vespersaurus paranaensis
Reconstituição do esqueleto feita pelo paleoartista Rodolfo Nogueira. Os ossos em dourado são os que foram encontrados. (Rodolfo Nogueira/Reprodução)

O representante inédito da pré-história paranaense – do qual foram encontrados, entre outros ossos, fêmur, patas dianteiras e traseiras, vértebras do pescoço e da cauda – foi desenterrado na cidade de Cruzeiro do Oeste, a mais de 500 quilômetros de Curitiba, capital do Estado. Daí vem seu nome: vesper, em latim, significa “oeste” – e essa é a origem da palavra “vespertino”. Sua descoberta foi anunciada em uma coletiva de imprensa na Universidade Estadual de Maringá (UEM), razoavelmente próxima do sítio paleontológico.

No vídeo abaixo, do paleoartista Rodolfo Nogueira, vê-se uma reconstituição do animal.

Uma das características distintivas do paranaensis são suas patas. Elas possuem três dedos principais. Apesar disso, só o dedo central, mais comprido, ficava apoiado no chão. Os dois laterais, mais curtos, mantinham-se apontados ligeiramente para o alto – e eram usados como lâminas para dilacerar a carne de presas ou se defender.

Essa história de correr apoiado em um dedo só, feito uma bailarina, parece exótica, mas não é: cavalos, burros e zebras evoluíram todos de um ancestral com três dedos – mas, com o tempo, abandonaram os dígitos laterais e adotaram um imenso dedo do meio, reforçado por uma unha extra grande, o famoso casco. Leia mais detalhes aqui.

Representação dos pés do Vespersaurus paranaensis
Um dedo no chão, dois para o alto. (Rodolfo Nogueira/Reprodução)

paranaensis era um terópodo – o mesmo grupo a que pertencem outros monstros bípedes de bracinhos curtos, como os já mencionados velociraptors e o célebre T. Rex. São eles que dariam origem às aves atuais. Exatamente como um pombo contemporâneo, o mais recente dinossauro brasileiro tem ossos ocos em alguns pontos, que diminuem um pouco sua massa corporal.

A formação geológica onde o novo terópoda foi encontrado não é tão prolífica em dinossauros quanto outras formações geológicas brasileiras – como a Marília, por exemplo, que já revelou dezenas de saurópodes (os pescoçudos herbívoros grandes e dóceis, com patas que parecem pilares) nos arredores da cidade de Uberaba (MG). A cidade de Cruzeiro do Oeste já havia revelado, porém, outros animais que foram contemporâneos deles – como lagarto Gueragama sulamericana e o pterossauro Caiuajara dobruskii.

Ele é o 48º dinossauro descoberto em território brasileiro – que, a cada dia que passa, revela mais segredos pré-históricos.

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