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O que é o segundo intercalar – e por que o mundo vai perdê-lo em 2035

Esse ajuste de segundos serve para alinhar nossa medição do tempo com a duração real dos dias. Mas gera confusão entre as redes de computadores.

Por Luisa Costa
22 nov 2022, 17h09

Um “segundo intercalar” é uma correção de um segundo no tempo internacional oficial do mundo – o Tempo Universal Coordenado (UTC, na sigla em inglês). Esse ajuste serve para alinhar nossa escala de tempo com a duração real dos dias, que não têm exatamente 24 horas – ou 86,4 mil segundos. 

Há uma diferença de milissegundos, que os experts em medição do tempo descobriram com relógios atômicos ultraprecisos, que ajudam a definir o UTC. Para corrigir a diferença, criaram o segundo intercalar em 1972. (Entenda nesta matéria da Super como um relógio atômico funciona.)

Mas esse segundo intercalar será abandonado em 2035. Foi o que decidiram, na última sexta (18), os Estados membros do tratado internacional que rege padrões de medição – o Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM, na sigla em francês). A reunião rolou em Versalhes, na França, e a decisão foi praticamente unânime. Mas o que isso significa?

A ideia era fazer correções de um segundo no final de dezembro ou junho, adicionando um segundo extra no tempo atômico sempre que o Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra, localizado no Observatório de Paris, visse a necessidade. Acontece que adicionar segundos ao tempo internacional, como você pode imaginar, não é coisa simples.

Um segundo intercalar é uma mudança abrupta na contagem do tempo – que não funciona bem entre bilhões de computadores interconectados, que sincronizam constantemente seus relógios internos com a ajuda de outras máquinas, os servidores de horário.

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Veja só: os computadores não podem se preparar para inserções regulares de segundos, por exemplo. Justamente porque não são regulares: é difícil prever exatamente quando o próximo segundo intercalar será necessário. Assim, as diferentes redes de computadores desenvolvem seus próprios métodos (descoordenados) de fazer a correção temporal.

Essa confusão é perigosa porque os sistemas de telecomunicações, as redes elétricas, os sistemas financeiros e serviços relacionados ao transporte marítimo e à aviação precisam de precisão na casa dos milissegundos (ou nanossegundos).  O melhor jeito para evitar a bagunça na hora de adotar o segundo extra? Abandoná-lo, segundo o BIPM.

A ideia é, até 2035, descobrir maneiras menos problemáticas de alinhar o tempo oficial do mundo com a rotação da Terra – talvez fazendo ajustes maiores do que um segundo, com muito menos frequência. (Em 1972, foram dez segundos extras; depois, 27 ao longo dos anos seguintes.)

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A ideia de abandonar os segundos intercalares é cogitada desde 2015, e a próxima reunião do BIPM para discutir o assunto está marcada para 2026.

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