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O que se faz na base brasileira da Antártica?

Estudos sobre o aquecimento global, da fauna e flora locais e até pesquisas que podem levar à criação de novos antibióticos. Conheça os objetivos da Estação Comandante Ferraz, que está sendo reinaugurada

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 15 jan 2020, 18h46 - Publicado em 15 jan 2020, 18h43

Depois de oito anos sendo reconstruída, a base científica brasileira localizada na Antártica foi reinaugurada hoje (15). A Estação Comandante Ferraz sofreu um incêndio em 2012, que matou dois militares e deixou 70% do local destruído. A reconstrução deveria ser feita em dois anos, mas só foi finalizada agora.

A base fica na Ilha do Rei George, uma pontinha da Antártica próxima ao sul do Chile. A inauguração estava prevista para ontem (14), mas as condições meteorológicas impediram o pouso do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro Marcos Pontes e de outros convidados que estavam previstos para a abertura.

A reinauguração da base representa um passo importante para a ciência brasileira. Ela é uma das maiores estações de pesquisa da Antártica. A Estação conta com 17 laboratórios para o estudo de várias áreas, como medicina, química, microbiologia, oceanografia e meteorologia. Mas afinal, por que é importante fazer pesquisa em um local tão remoto e diferente do Brasil?

A Antártica é interessante por suas condições climáticas bem particulares e extremas. Ela é o melhor lugar para se estudar o impacto das mudanças climáticas para o planeta. Por ter pouca interferência humana, é possível detectar o aumento da temperatura global, derretimento de geleiras e aumento do nível dos oceanos com mais precisão. Ela é considerada um “termômetro” do aquecimento global.

Isso afeta o Brasil diretamente. As mudanças climáticas atingem o não só a Amazônia, mas também as produções agrícolas do país. As pesquisas na Antártica permitem uma melhor previsão meteorológica, otimizando a produção e evitando desastres. Por estar próxima ao continente sul-americano, a Antártica influencia diretamente o clima brasileiro. A maior parte das frentes frias que chegam ao Brasil, por exemplo, vem de lá.

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Mas os estudos não se limitam à área climática. Diversos pesquisadores se dedicam a estudar a flora e fauna características da Antártica. Os organismos descobertos lá podem ajudar no desenvolvimento de vacinas e outros medicamentos. Um exemplo são os penicílios, fungos produtores de penicilina. A Antártica está recheada deles. Com o crescimento das superbactérias, essas pesquisas são essenciais para a criação de novos antibióticos.

Esse é o foco da primeira pesquisa feita nos novos laboratórios da base, sobre fungos e plantas antárticas. Ela está sendo desenvolvida por Paulo Câmara, da Universidade de Brasília, e Luiz Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais. Apesar de fazer parte da Marinha Brasileira, a Estação recebe pesquisadores de diversas universidades e instituições de pesquisa do país.

Tudo isso faz parte do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), responsável por coordenar a pesquisa no local. O programa existe desde 1982, mas a estação de pesquisa só foi inaugurada em 1984 e seguiu em operação até 2012.

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No total, a nova base tem 4500 metros quadrados e capacidade para abrigar 65 pessoas. A estrutura é dividida em três blocos, que incluem desde o alojamento e lazer dos pesquisadores até garagem e máquinas que mantém o local aquecido. A maior parte da pesquisa acontece mesmo no bloco oeste, que abriga a maioria dos laboratórios.

A maior parte das pesquisas é feita no verão, quando as temperaturas são mais amenas (em torno de 5 ºC), pois isso facilita o estudo da biodiversidade e da vegetação locais.

Mesmo antes da reconstrução completa da base, os brasileiros continuaram fazendo pesquisa por lá. Parte dos estudos são realizados em navios e até em bases de outros países. O Brasil também manteve uma base provisória em funcionamento enquanto a obra não estava finalizada.

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