Onze bebês morreram na Holanda em teste envolvendo Viagra
Os pesquisadores acreditavam que o remédio poderia ajudar mulheres com complicações na gravidez – e foram estimulados por testes promissores em ratos.
O Viagra é usado para disfunção erétil e é prescrito em casos de pressão alta porque a medicação dilata os vasos sanguíneos. Não demorou muito para que os pesquisadores imaginassem outras aplicações dessa função e logo nasceu a hipótese de que a droga poderia encorajar um melhor fluxo de sangue através da placenta de uma mulher grávida e promover o crescimento de uma criança saudável. Os testes iniciais em ratos apresentaram resultados animadores, mas os ensaios clínicos em humanos resultaram em tragédia.
A experiência realizada em dez hospitais holandeses envolveu 183 mulheres com alguma deficiência na circulação sanguínea da placenta e foi encerrado na semana passada quando foi divulgado que o teste resultou na morte de onze bebês. Outros dezessete desenvolveram problemas pulmonares. Das 90 mulheres que tomaram o placebo, apenas três tiveram filhos com problemas pulmonares, e não houve nenhuma morte. No momento, cerca de quinze mulheres participantes, que ainda estão grávidas, suspenderam a medicação e estão em observação para investigar se as crianças foram afetadas e se há algo de errado na gestação.
Ainda não se sabe exatamente o que causou tal reação, mas a teoria mais provável é de que o Viagra tenha causado aumento da pressão arterial nos pulmões, fazendo com que os bebês recebessem pouco oxigênio.
Um porta-voz do Centro Médico da Universidade de Amsterdã, responsável pelo estudo, declarou à imprensa que a experiência foi conduzida de forma adequada, mas espera que uma investigação externa seja iniciada, para que não reste dúvidas.
O estudo, que já foi interrompido, pretendia envolver 350 bebês até 2020. Pesquisadores Canadenses que trabalhavam com uma hipótese semelhante já foram avisados dos resultados e suspenderam os testes em humanos.
Atualização 25/7: A Pfizer, fabricante do Viagra, procurou a SUPER para informar que não participou do estudo (os pesquisadores adquiriram sildenafila por conta própria), e que o medicamento Viagra não é indicado para a situação em que foi testado pelos cientistas holandeses. Leia abaixo nota enviada pela empresa:
“A Pfizer não está ou esteve envolvida em nenhum aspecto deste estudo e não financiou nem forneceu produtos para o mesmo.
Os Investigadores do Centro Médico da Universidade de Amsterdã confirmaram que uma versão genérica de sildenafila foi utilizada no estudo e que nenhum dos participantes do ensaio clínico recebeu Viagra nem qualquer outro medicamento produzido pela Pfizer.
Viagra é indicado para o tratamento da disfunção erétil em homens adultos (com 18 anos ou mais). A segurança e a eficácia de Viagra foram bem documentadas em mais de 130 estudos clínicos envolvendo cerca de 15.000 pacientes.”