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Os tijolinhos da mente

Avançando em paralelo, a Psicologia e a Neurologia ampliam o conhecimento do homem sobre si mesmo.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h51 - Publicado em 30 set 1999, 22h00

Tudo o que acontece dentro do seu cérebro – do esforço para resolver uma questão de matemática até as ordens inconscientes para o seu coração continuar batendo – passa por uma intrincada rede de células, os neurônios. Um bebê já nasce com 14 bilhões deles, mas essa quantidade vai diminuindo com o tempo. Os cientistas do século XIX não sabiam nada disso, pois o neurônio só foi descoberto em 1903, pelo médico espanhol Santiago Ramón y Carral (1852-1934). A proeza começou a ser preparada em 1873, quando o anatomista italiano Camillo Golgi criou um método para tingir as fibras do cérebro com compostos de prata. Golgi detectou um tipo de célula nervosa que possuía pequenos braços – hoje chamados de dendritos e de axônios – que serviam para conectá-la a outras, iguais a ela. Trinta anos depois, Ramón y Cajal aperfeiçoou o sistema de tingimento de Golgi e comprovou que os neurônios são a unidade essencial do cérebro.

E mais – descobriu que os neurônios nunca se tocam. Como, então, os neurônios se comunicam? Ramón y Cajal sugeriu que eles enviam impulsos elétricos de um para o outro. Errou por pouco. A comunicação se dá por meio de substâncias químicas chamadas neurotransmissores, que atravessam o pequeno intervalo entre os neurônios, as sinapses. Quem descobriu isso foi o farmacologista inglês Henry Dale (1875-1968). Em 1914, ele isolou o primeiro neurotransmissor, a acetilcolina, que aciona os movimentos dos músculos.

Mergulho na alma

Nenhum cientista teve tanta influência sobre as idéias do século XX quanto o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Seu livro A Interpretação dos Sonhos, publicado em 1900, abriu as portas para o estudo do inconsciente. Segundo Freud, os conflitos psicológicos têm sua origem na infância, em experiências e emoções ligadas à sexualidade. Mais tarde, essas lembranças são reprimidas. Permanecem no inconsciente, inacessíveis ao pensamento racional, mas se manifestam nos sonhos e nos escorregões verbais. A partir dessas idéias, Freud sistematizou um método para o autoconhecimento e o tratamento das neuroses – a Psicanálise, sessões de terapia em que o paciente fala tudo o que lhe vem à cabeça, sem censura.

O que você tem na cabeça?

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Já que não adianta rachar o crânio ao meio para conferir o que está acontecendo lá dentro, os cientistas procuram outras portas de acesso à atividade cerebral. Uma das mais usadas é a eletroencefalografia, uma técnica que mapeia a atividade elétrica no cérebro por meio de eletrodos instalados na cabeça. Foi criada em 1924 pelo psiquiatra alemão Hans Berger (1873-1941) e ajuda a detectar distúrbios, como a epilepsia e os tumores, e deficiências, como a surdez.

O som da comida

Por que um cachorro produz saliva quando vê um pedaço de carne? Porque isso está no seu código genético. Mas será possível impor um novo padrão sobre esse comportamento inato? O psicólogo russo Ivan Pavlov (1849-1936) provou que sim, ao descobrir, em 1907, o reflexo condicionado. Ele pegou um cachorro faminto e, toda vez que mostrava o alimento para ele, tocava um sino. Depois de repetir essas ações algumas vezes, tocou o sino sem mostrar a comida. O cachorro salivou. Ou seja, o animal associou o toque do sino ao almoço.

O fio da meada

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Conheça o neurônio, a célula do cérebro

Dendritos

Servem para captar os neurotransmissores – substâncias que levam as mensagens químicas dentro do cérebro – enviados por outro neurônio.

Núcleo

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Recebe os sinais elétricos provenientes dos dendritos e os despacha para o axônio na forma de um único impulso.

Nódulos de Ranvier

Estes intervalos no revestimento do axônio ajudam a propagar o sinal elétrico mais depressa.

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Axônio

É quem conduz as mensagens para o próximo neurônio da cadeia.

Sinapse

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A comunicação entre dois neurônios ocorre neste pequeno espaço entre eles. O axônio libera neurotransmissores que se encaixam num dedrito do neurônio vizinho, onde a viagem recomeça.

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