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Ossos de 9 mil anos podem explicar origem da sífilis

Reconstrução do DNA bacteriano encontrado em restos mortais de países diferentes conta como a doença se espalhou.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 19 dez 2024, 18h16 - Publicado em 19 dez 2024, 18h00

O primeiro registro histórico de um grande surto de sífilis data de 1494. Foi quando o rei francês Carlos VIII invadiu a Itália, e a doença – até então desconhecida dos europeus – se espalhou pelos campos de batalha, desfigurando os soldados que chegavam ao estado terciário da enfermidade. A bactéria invadiu as cidades no ano seguinte, quando os infectados começaram a transmitir o patógeno pelo sexo (ou, no caso de mães infectadas, pela gestação).

Mas de onde a doença veio, exatamente? Uma das principais hipóteses dos historiadores era que ela surgiu nas Américas, e chegou à Europa com a comitiva de Cristóvão Colombo, em 1493. Outra ideia era que a bactéria já estava no Velho Continente antes disso, só esperando a condição perfeita para se espalhar e virar epidemia.

Agora, uma análise do material genético de ossos antigos encontrou genomas de bactérias da família que causa a sífilis. Esses fósseis foram localizados em diferentes países das Américas, o que sugere que a infecção realmente foi importada daqui pelos colonizadores.

O estudo que descobriu a evidência mais antiga da sífilis foi publicado na revista Nature e conduzido por uma equipe de cientistas do mundo todo, liderados por pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, em Leipzig, na Alemanha.

De onde veio o DNA bacteriano

A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela também é a responsável pelo bejel e pela bouba, duas doenças infecciosas e tropicais causadas por cepas diferentes do microrganismo.

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Os cientistas conseguiram reconstruir cinco genomas encontrados nos ossos, e assim descobriram material genético de bactérias que são de linhagens irmãs dos microrganismos que circulam entre os humanos hoje.

O DNA antigo das bactérias foi reconstruído a partir de ossos espalhados pelo continente americano, que incluem um osso do quadril encontrado na Argentina, ossos da perna do Chile e do México e um dente diretamente do Peru.

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Esses ossos, que passaram pelo processo de datação por radiocarbono, apontam para um ancestral comum da bactéria da sífilis que viveu a, no máximo, 9.000 anos. Há nove milênios, os Homo sapiens já estavam estabelecidos nas Américas, mas não tinham contato com os outros continentes. Por isso, a bactéria passou por um isolamento biológico e geográfico até a era das Grandes Navegações.

Foi com as expedições marítimas europeias – e o comércio de pessoas escravizadas entre África, Europa e América – que a sífilis se tornou uma doença global. Ela continua se espalhando até hoje. Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou 8 milhões de casos de sífilis pelo mundo. A grande maioria das pessoas é infectada por praticar sexo desprotegido.

Na primeira epidemia da doença, em 1494, a sífilis ainda não tinha cura. Hoje, o tratamento é realizado com a penicilina, antibiótico que só foi descoberto em 1928.

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Apesar de reforçar a hipótese mais aceita, esse estudo ainda não é um ponto final na história da sífilis. As fontes de dados são limitadas, consistindo de só alguns ossos, e estudos futuros vão ser necessários para comprovar a origem americana da bactéria.

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