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Palmeiras nascem a partir de sementes de dois mil anos de idade

Cientistas trouxeram de volta as famosas tamareiras da Judeia, da época de Jesus, com sementes encontradas em Israel.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 6 fev 2020, 18h24 - Publicado em 6 fev 2020, 18h21

Uma equipe de cientistas israelenses conseguiu fazer com que árvores saudáveis crescessem a partir de sementes com mais de dois mil anos de idade, encontradas na região do deserto da Judeia, no sul de Israel. As sementes, que dão origem a um tipo extinto de tamareira (Phoenix dactylifera), são possivelmente as mais antigas a germinarem de forma natural, e podem talvez trazer a fruta de volta à vida – pelo menos em laboratório.

A tamareira é um tipo de palmeira muito conhecido por suas frutas, as tâmaras. Diversos relatos históricos mostram que as tâmaras cultivadas na Judeia eram consideradas iguarias especiais, muito doces e saborosas. Elas eram desejadas por pessoas ricas do Império Romano, por exemplo, além de se acreditar que elas possuíam propriedades médicas. Mas, com o declínio do Império Romano, as famosas tamareiras da Judeia começaram a desaparecer. Algumas até resistiram séculos, mas, a partir de 1800, elas se foram de vez – até recentemente.

Para o novo feito, os pesquisadores reuniram 32 sementes encontradas em diversos sítios arqueológicos de vários lugares da Judeia, como nas cavernas de Qumran (onde também foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto) e a fortaleza de Massada, construída pelo rei Herodes da Judeia. Essas sementes foram hidratadas por 24 horas e tratadas com hormônios e fertilizantes naturais antes de serem plantadas. 

Das 32, seis sementes brotaram com sucesso em intervalos que variaram entre semanas e meses. Depois, técnicas de datação com carbono confirmaram que elas, de fato, datam dos tempos de Jesus Cristo (com algumas sendo um pouco mais novas ou mais velhas). E as plantas foram batizadas com nomes bíblicos: os machos se chamam Adam (Adão), Jonah (Jonas), Uriel e Boaz; e as duas fêmeas são Judith (Judite) e Hannah (Hanna).

Mas não foi a primeira vez que a equipe consegue trazer a mesma planta de volta à vida. Em 2008, durante um experimento semelhante, os cientistas conseguiram que uma única tamareira crescesse: um macho chamado Matusalém.

Agora, a equipe espera implantar o pólen de Matusalém em Hanna, que provavelmente terá flores nos próximos anos, e estão confiantes de que o cruzamento vai dar certo, possivelmente trazendo as extintas tâmaras da Judeia de volta. Pelo menos em laboratório, claro: é muito cedo para afirmar que a planta possa reocupar a natureza, segundo os pesquisadores.

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Sarah Sallon, pesquisadora que liderou o estudo, acredita que as condições climáticas únicas da região do Mar Morto tenham contribuído para manter o material genético das sementes intacto. Ela afirmou ao jornal The Guardian que passou horas selecionando as sementes menos danificadas para potencializar as chances de acerto.

A descoberta também rendeu interessantes análises subsequentes, publicadas na revista Science Advances. Estudando o material genético das plantas, os cientistas descobriram que elas provavelmente eram resultado de cruzamentos de sementes de tamareiras vindas da Mesopotâmia (atual Iraque) com de outras vindas de regiões da África. Esse fato revela que as técnicas de agricultura na época eram bastante sofisticadas e talvez expliquem o enorme o sucesso das tâmaras da região – que inclusive eram 30% maiores que as que temos hoje, segundo estimativas da equipe com base no tamanho das sementes.

Em 2012, cientistas russos conseguiram trazer de volta à vida plantas congeladas há 30 mil anos – mas elas não nasceram de forma natural. Em vez disso, a equipe as recriou em placas de laboratório a partir do tecido das frutas congeladas. Sendo assim, as novas tamareiras de fato são as plantas que vieram de sementes mais antigas que se tem registro.

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