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Peixinho do tamanho de unha gera ruídos de 140 decibéis

Mesmo medindo 12 mm de comprimento, esses animais conseguem produzir sons tão altos quanto um tiro. Entenda como.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 29 fev 2024, 10h09 - Publicado em 29 fev 2024, 10h08

Em mais um episódio da série não julgue um livro pela capa, um peixinho encontrado em riachos de Myanmar produz sons de intensidade equivalente a um tiro que ultrapassam com folga um show de rock ou as sirenes de ambulâncias e viaturas policiais

O diminuto Danionella cerebrum é uma espécie de peixe cujo macho adulto tem, em média, 12 mm de comprimento mais ou menos do tamanho de uma unha humana. Ele possui o menor cérebro conhecido entre os animais vertebrados. 

Agora, um grupo de pesquisadores afiliados ao Hospital Universitário Charité, em Berlim, descobriu como o D. cerebrum, apesar de ser tão espacialmente modesto, consegue produzir sons com mais de 140 decibéis de altura. O estudo foi publicado no periódico especializado Proceedings of the National Academy of Sciences.

(Antes que você se pergunte: o animalzinho estava sendo estudado em um hospital porque ele é um organismo-modelo muito usado em experimentos biomédicos, assim como camundongos.)

Geralmente, os peixes produzem sons utilizando o gás contido em suas bexigas natatórias um órgão que infla e desinfla para fazê-los subir ou descer na água. Um grupo de músculos especializados batuca esse balão, que vibra como a pele de um tambor.  

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No caso do D. cerebrum, a percussão é turbinada, por que o músculo não atinge diretamente a bexiga: ele é usado para puxar um osso das costelas para trás, e é esse osso que produz o ruído. Como alguém puxando o elástico de um estilingue para acumular energia potencial e então liberá-la toda de uma vez. 

O músculo é resistente à fadiga, de modo a aguentar a produção de ruído por longos períodos. É como se o peixinho estivesse tocando bateria com baquetas enquanto os outros tentam usar só as mãos. Você pode ouvir o som aqui:

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Nesta espécie, o som é produzido somente pelos machos, porque só eles têm uma costela resistente o suficiente para o batuque. Os pesquisadores acreditam que esses sons possam ser usados como uma tática agressiva de competição contra outros machos ou como um mecanismo de navegação em águas turvas, mas não há certeza.

Em um aquário, a água e o vidro dificultam um bocado a propagação das ondas. A alguns metros de distância do peixe, seu barulho soa como um clique em um volume suportável. Mas não se engane: o bichinho fala alto. 

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