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Pesquisa brasileira revela que polvos possuem duas fases do sono

Assim como os humanos, os polvos apresentam diferentes níveis de atividade enquanto dormem. Os animais mudam de cor na fase mais ativa, sugerindo uma experiência semelhante ao sonho. Veja o vídeo.

Por Maria Clara Rossini
Atualizado em 25 jul 2022, 10h58 - Publicado em 29 mar 2021, 17h15

O Instituto de Cérebro, liderado pelo pesquisador Sidarta Ribeiro, é referência no mundo em estudos sobre sono. Em 2020, o laboratório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) fez descobertas sobre a complexidade dos sonhos e desenvolveu maneiras de acelerar o diagnóstico de esquizofrenia com base neles. Agora, os pesquisadores brasileiros descobriram que o sono dos polvos é bastante parecido com o nosso.

A pesquisa publicada no periódico iScience revela que os polvos possuem uma fase ativa e curta, e outra mais longa e tranquila do sono. Esses estágios seriam equivalentes à fase REM (sigla para movimento rápido dos olhos) e não-REM em mamíferos.

A fase REM é quando ocorrem os sonhos mais vívidos e memoráveis em humanos – nesse momento, a atividade cerebral é comparável aos níveis de quando estamos acordados. Ela dura cerca de 20 minutos e se repete de quatro a cinco vezes ao longo da noite. As fases não-REM são as mais tranquilas, que duram a maior parte do sono e produzem sonhos menos vívidos. 

Não é possível saber se os polvos sonharam, mas eles mostram sinais físicos característicos de cada fase do sono. Os pesquisadores observaram o sono do Octopus insularis, uma espécie típica do nordeste brasileiro. Para verificar se os polvos estavam mesmo dormindo, a equipe mostrava vídeos de caranguejos ou batia no tanque levemente para ver se o animal reagia ao estímulo. Se ele permanecesse imóvel, significa que tinha caído no sono.

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Durante a maior parte do tempo, os polvos permanecem com as pupilas semi-cerradas, sem movimentos bruscos e com a pele de cor acinzentada. Após cerca de seis minutos de sono tranquilo, se inicia a fase ativa: os músculos do corpo contraem, os olhos se mexem e a pele adquire uma tonalidade escura. Essa fase costuma durar 40 segundos, e o ciclo recomeça a cada meia hora. Veja o vídeo abaixo:

Já se sabe que aves (e talvez répteis) possuem esse ciclo alternado, mas a surpresa foi observar isso em cefalópodes, uma classe evolutivamente distante dos mamíferos. O ancestral comum entre humanos e polvos viveu há nada menos que 500 milhões de anos.

Em outras palavras, as duas fases do sono teriam evoluído independentemente em vertebrados (como os mamíferos) e invertebrados (os cefalópodes). Acredita-se que essas fases são importantes para consolidar memórias e apagar o que não é importante para o nosso cérebro. O sistema nervoso dos polvos, por outro lado, é bastante diferente. “Isso pode refletir alguma propriedade em comum aos sistemas nervosos centralizados que atingem certa complexidade”, disse a pesquisadora Sylvia Medeiros, em nota.

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Mesmo assim, é difícil não imaginar que eles estejam sonhando. A equipe também levanta essa hipótese: “Se eles realmente sonham, é improvável que tenham roteiros simbólicos e complexos como os nossos. O período de sono ativo dos polvos é curto, de no máximo um minuto. Se eles tiverem algum tipo de sonho, devem ser momentos curtos, como pequenos clipes ou GIFs”, diz a pesquisadora.

O próximo passo é tentar desvendar esses possíveis sonhos. A equipe pretende registrar dados neurológicos dos polvos enquanto eles dormem e avaliar o papel do sono no metabolismo, pensamento e aprendizado do animal.

Em entrevista à Science, Medeiros diz que isso pode ser testado ao comparar a mudança de cor quando o animal está aprendendo uma habilidade nova e quando está dormindo. Se os mesmos padrões forem observados nos dois momentos, talvez seja possível inferir sobre o que os polvos estão sonhando.

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