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Pesquisadores encontram quatro novas espécies de peixe em Fernando de Noronha

Os animais estavam em um local inexplorado da ilha, onde a pesca é permitida. Segundo pesquisador, a taxa de descoberta é de uma a três espécies por hora de expedição.

Por Carolina Fioratti
14 dez 2020, 18h12

Nem só de paisagens paradisíacas e festas de fim de ano vive Fernando de Noronha. Cientistas da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) encontraram quatro espécies de peixes nunca antes descritas, além de outras 15 já conhecidas, mas que ainda não haviam sido registradas no arquipélago.

Os quatro moradores recém apresentados de Noronha são o Peixe Lagarto (Synodus sp.), o Peixe Pedra (Scorpaena sp.), a Maria da Toca Pequena (Psilotris sp.) e o Peixe Afrodite (Tosanoides sp.). O artigo detalhado foi publicado nesta segunda-feira (14), na revista científica Neotropical Ichthyology.

O arquipélago pernambucano é um berço de espécies marinhas, que são protegidas pelo Parque Nacional da Ilha. No entanto, as áreas mais profundas do oceano estão fora do perímetro do santuário ecológico. A pesca é permitida por lá, o que faz com que algumas espécies diminuam em população antes mesmo de serem descritas pela ciência.

Por conta disso, um grupo de pesquisadores da UFES e da Academia de Ciências da Califórnia, em parceria com a ONG Voz da Natureza e outras universidades brasileiras, decidiram explorar a região mais profunda de Noronha, para além da plataforma continental.

Os mergulhadores ultrapassaram a região dos recifes rasos, onde os corais se posicionam horizontalmente, a entrada de luz solar é mais intensa e a temperatura fica em torno dos 26 ºC. Na expedição, os cientistas chegaram a 100 metros de profundidade, atingindo uma região duas vezes mais fria e com baixa luminosidade, onde o recife se posiciona de forma vertical. Veja a foto abaixo.

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Mergulhador iluminando corais.
A expedição, que durou 16 dias, registrou ocorrência inédita de 19 novas espécies na região, sendo quatro delas nunca antes descritas pela ciência. (Mauritius V. Bell/Divulgação)

Para possibilitar a exploração, o time de pesquisadores se dividiu em três embarcações diferentes. A primeira se manteve no ambiente mais raso, a segunda realizou mergulhos técnicos no ambiente profundo e a terceira trabalhou com um ROV (veículo submarino operado remotamente) para captar imagens dos animais que viviam nas profundezas.

A vida marinha nesse ambiente ainda não havia sido explorada – muito pela dificuldade de encontrar equipamentos técnicos que permitam a respiração dos mergulhadores nessa profundidade. Os aparatos convencionais permitem um mergulho de, no máximo, 50 metros de profundidade. Para essa missão, os pesquisadores usaram um rebreather, apetrecho que filtra CO2 e recicla o ar que está sendo respirado. Essa tecnologia permite mergulhos de até seis horas em altas profundidades.

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Os cientistas estavam confiantes de que encontrariam novas espécies pelo arquipélago. Hudson Pinheiro, autor do estudo, explicou que descobertas semelhantes já haviam ocorrido em outras expedições nas quais ele participou, como na Cadeia Vitória – Trindade e no Arquipélago de São Paulo e São Pedro. “A taxa de descoberta é de uma a três espécies por hora de exploração nesse tipo de ambiente, então, sim, estávamos otimistas e sabíamos que era a primeira vez que aquele local estava sendo explorado”, explicou. 

Mas o estudo não se resume à descoberta de novas espécies. A equipe também conversou com os moradores locais. “Nós ouvimos relatos dos próprios pescadores. Eles disseram que algumas espécies de peixes recifais, que estão no ambiente profundo, diminuem e somem de vez em quando”, conta Pinheiro. O cientista explicou que as populações de animais marinhos que vivem na ilha não migram de outros lugares – ou seja, elas se mantêm e se reproduzem apenas naquele ambiente. O “sumiço” dos peixes pode ser resultado da pesca.

“O ideal é que, assim como no raso, tenha uma zona de proteção para que os peixes possam crescer, se reproduzir e manter a população da ilha viável, gerando um desenvolvimento sustentável da atividade pesqueira em Noronha. Essa é nossa proposta”, relatou o cientista. 

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Durante a expedição, os pesquisadores observaram o comportamento de reprodução da espécie garoupa marmoreada no ambiente profundo. Conhecer os ambientes e época de reprodução das espécies é importante para que políticas de preservação sazonais sejam criadas nessas áreas, evitando a pesca em determinados períodos do ano.

Além de abrir precedentes para que a atividade comercial se torne mais sustentável, o estudo indica ainda que os pescadores devem ter um cuidado extra com seus materiais. Noronha já extinguiu o uso de plásticos na ilha. Os únicos permitidos são de embalagens que carregam condimentos de Pernambuco ao Arquipélago. Mesmo assim, os mergulhadores encontraram alguns plásticos, linhas de pesca e cordas no ambiente mais profundo. 

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