Planta doméstica com DNA modificado pode reduzir a poluição do ar
Genes de coelhos na hera-do-diabo podem gerar melhorias no ar da sua casa
Algumas moléculas químicas tóxicas acabam no ar doméstico por conta de atividades cotidianas. Exemplos disso são o clorofórmio (principal componente de drogas como o “loló”), que é liberado em pequenas quantidades da água clorada durante o banho; e o benzeno (composto altamente cancerígeno), que vem de fontes externas desde fumaça de cigarro até escapamento dos carros. Mas e se fosse possível se livrar disso só com a ajuda de plantas domésticas?
Estudos anteriores já relataram o poder de certas plantas em remover alguns desses produtos tóxicos. Mas a taxa com que elas fazem isso naturalmente é bem baixa, quase imperceptível na maioria dos casos. E foi daí que veio a ideia dos cientistas da Universidade de Washington: editar geneticamente essas plantas para que elas se tornem capazes de reduzir consideravelmente a poluição do ar.
No experimento, os cientistas inseriram na planta doméstica Epipremnum aureum, conhecida como hera-do-diabo, o da versão de coelho do gene P450 2E1. Este gene é encontrado em muitos mamíferos, incluindo humanos, e produz uma enzima que quebra uma série de substâncias químicas no corpo. A ideia era que, em plantas, ela absorvesse esses compostos tóxicos e os decompusesse.
Depois disso, os pesquisadores fizeram três experimentos: colocaram plantas geneticamente modificadas, plantas normais ou nenhuma planta em frascos contendo clorofórmio ou benzeno no ar, para medir seus níveis ao longo de alguns dias.
Os resultados mostraram apenas uma pequena queda na concentração de benzeno quando plantas não modificadas ou nenhuma planta estavam presentes, e não houve efeito algum sobre a concentração de clorofórmio nos dois casos.
Agora, no experimento com a hera-do-diabo geneticamente modificada, a equipe atestou que a concentração de benzeno caiu cerca de 75% em oito dias. No caso do clorofórmio, a equipe relatou que quase 100% dele havia sumido, já que ele era “pouco detectável” após seis dias na presença da planta geneticamente modificada.
A equipe diz que agora está realizando experimentos para investigar se a hera-do-diabo também pode reduzir os níveis de outras substâncias químicas problemáticas, ou se outros genes poderiam ser inseridos para ajudar a decompor uma variedade maior de substâncias no ar — incluindo o formaldeído, que pode ser liberado em pequenas quantidades durante o cozimento de alimentos.