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Planta que vive milhares de anos tem seus segredos genéticos revelados

Cientistas estudaram a tumboa, planta característica do Deserto da Namíbia, para tentar entender sua longevidade extrema.

Por Luisa Costa
Atualizado em 3 ago 2022, 11h00 - Publicado em 3 ago 2021, 18h52

O inóspito Deserto da Namíbia, no sudoeste africano, é o lar de uma planta bastante curiosa chamada tumboa. Ela impressiona os cientistas desde sua descoberta em 1859 porque, diferente de outras plantas características de climas áridos, ela cultiva grandes folhas verdes que ficam expostas ao sol. 

Mas outra grande questão é a longevidade da planta, que pode viver por cerca de dois mil anos. Na língua africâner, por exemplo, a tumboa tem o comprido nome de “tweeblaarkanniedood”, que significa “duas folhas que não podem morrer”. (Isso mesmo, até duas folhas partem do tronco da planta. Com o passar do tempo, e pela ação dos ventos secos do deserto, elas se rompem em várias tiras e se enrolam.)

A longevidade extrema da tumboa – também chamada pelo nome científico de Welwitschia – levou uma equipe de pesquisadores a estudar seu genoma. Os resultados foram publicados recentemente na revista Nature Communications.

Os pesquisadores descobriram que, há cerca de 86 milhões de anos, todo o genoma da tumboa se duplicou após um erro na divisão celular da planta. Isso aconteceu durante um período de “estresse extremo”, de aumento da aridez e seca no sudoeste africano – possivelmente na época da formação do deserto da Namíbia.

Foto da Welwitschia mirabilis.
(Arterra / Colaborador/Getty Images)
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Os genes duplicados podem ter assumido novas funções no organismo da Welwitschia. Os cientistas também descobriram que uma grande parte do DNA da tumboa é formado por elementos genéticos “lixo” chamados retrotransposons, que se replicam por um mecanismo de “copiar e colar”. A equipe detectou uma explosão da atividade desses elementos entre um a dois milhões de anos atrás.

Os cientistas acreditam que, para dar um jeito em toda essa bagunça duplicada, o genoma da tumboa passou por um processo chamado “metilação do DNA”, que neutralizou essas sequências de DNA inútil. Assim, a planta obteve um “um genoma muito eficiente e de baixo custo”, como Tao Wan, principal autor do estudo, afirmou ao New York Times.

Mas além dessa evolução do genoma da tumboa, a pesquisa também se deparou com outros ajustes genéticos.

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As folhas largas, planas e retilíneas crescem a partir de uma região da planta chamada meristema basal. Os cientistas acreditam que o aumento da atividade de alguns genes nessa área – envolvidos com metabolismo eficiente, crescimento celular e resistência ao estresse climático – pode estar diretamente relacionado à resiliência da tumboa.

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