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População de ursos polares é encontrada em habitat inusitado

Vivendo em uma região desfavorável, o grupo também é geneticamente diferente dos outros ursos polares do planeta.

Por Leo Caparroz
27 jun 2022, 18h53

Pesquisadores identificaram um grupo especial de ursos polares no sudeste da Groenlândia. Descritos em um artigo publicado na revista Science, os ursos podem ter encontrado um tipo único de refúgio contra os efeitos das mudanças climáticas – no qual ficaram isolados o suficiente para se tornar geneticamente distintos de outros ursos polares.

Na última década, os cientistas pesquisaram ursos polares em quase 2.900 km na costa leste da Groenlândia. O objetivo era aprender mais sobre a saúde e os movimentos dos animais. Eles acreditavam lidar com apenas um grupo de ursos polares vivendo ao longo de toda a costa.

“Foi uma descoberta totalmente inesperada”, revela Kristin Laidre, primeira autora do novo artigo. “Francamente, foi meio acidental que percebemos que estávamos lidando com duas subpopulações de ursos, não uma.”

Depois de colocar coleiras de rastreamento por satélite em alguns dos animais, os pesquisadores notaram que os ursos do sudeste da Groenlândia eram mais reservados e não se aventuravam em lugares em que poderiam encontrar com ursos do nordeste. Depois de analisar amostras genéticas, o grupo descobriu que os ursos do sudeste, na verdade, são os mais geneticamente isolados do planeta. Isso significa que eles não cruzaram muito com ursos fora de seu grupo.

Os ursos do sudeste também são especiais pelo habitat que ocupam. Nos fiordes por onde andam, o gelo marinho está presente durante 100 dias por ano – ursos polares podem ficar sem comer por até 180 dias. Já que eles caçam no gelo marinho, o curto período os deixaria com menos de um terço do ano para encontrar comida.

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Porém, os ursos encontraram outro jeito de procurar alimento quando o gelo marinho desaparece: caçar em gelo flutuante em água doce. Lá, eles perseguem e caçam focas – como normalmente fazem no gelo marinho.

Embora alguns grupos de ursos sejam conhecidos por também caçar com esse método alternativo, acredita-se que esse grupo seja único por depender dele. Sem o gelo de água doce, sua população não seria capaz de sobreviver ali.

A maneira como o recém-descoberto grupo de ursos polares encontrou uma forma de sobreviver em um ambiente desfavorável sugere que o gelo glacial de água doce pode servir como um “refúgio climático” para alguns outros ursos no futuro. Contudo, Laidre diz que não se deve encarar esses ursos recém-descobertos como uma história de sucesso ou um modelo de sobrevivência.

Existem poucas regiões com esse tipo de gelo de água doce abundante. E embora esse gelo tenha sido até agora poupado do aumento das temperaturas na região, ele se tornará cada vez mais vulnerável com o aquecimento do planeta.

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Ações para conter as mudanças climáticas e conservar esses ambientes continuam sendo vitais para a sobrevivência dos ursos polares. Do jeito que está, espera-se que a população global de ursos polares diminua em 30% nas próximas três gerações, de acordo com Laidre.

Ela espera que, se o grupo de ursos recém-descoberto for designado como uma subpopulação única, diferente de outros ursos polares, eles terão mais destaque nos esforços de conservação. O isolamento genético do grupo os torna uma parte importante da manutenção da diversidade genética entre os ursos polares – um fator chave para manter a saúde da espécie.

O desaparecimento do gelo marinho é uma prévia do que está por vir para o Ártico no futuro. Até o final do século, espera-se que grande parte do Ártico gelado fique mais de 100 dias por ano sem gelo. Sem gelo, não há caça às focas e não há comida suficiente para os ursos. Isso é o que fez do urso polar o rosto preferido para histórias sobre a destruição climática e seu impacto na fauna mundial.

Como esse grupo de ursos foi descoberto por acidente, Laidre não tem certeza do tamanho da população. É estimado que talvez existam “várias centenas” e que o grupo provavelmente esteja lá há algumas centenas de anos. O bando de ursos também cresceu lentamente com a migração – os cientistas identificaram pelo menos dois “imigrantes”, que ajudam a manter a população saudável, aumentando a variedade genética. Laidre espera lançar uma nova pesquisa que se concentre nesse grupo singular  de ursos para ter uma ideia melhor de quantos existem e como são suas vidas.

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