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População rural pode ser até 84% maior que os números oficiais, defende novo estudo

As estimativas oficiais de pessoas na zona rural provavelmente subestimam o número real de habitantes pela metade, de acordo com pesquisa finlandesa.

Por Eduardo Lima
19 mar 2025, 18h00

Por volta do dia 15 de novembro de 2022, a população mundial provavelmente ultrapassou a marca de 8 bilhões de pessoas. O “provavelmente” é importante aqui: não dá para saber, com exatidão, quando o número virou. Para encontrar a data precisa, todos os cartórios do mundo precisariam ser interligados. Além disso, alguns bebês passam semanas, meses e até anos sem registro oficial. Por isso, qualquer número de população global é uma estimativa.

Atualmente, a estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) é que há 8,2 bilhões de pessoas espalhadas na Terra. Mas nem todo mundo concorda. Um novo estudo de uma equipe de pesquisadores da Finlândia aponta que essa e outras estimativas estão subestimando o número de pessoas que vivem em zonas rurais ao redor do mundo – e subestimando bastante.

O estudo foi liderado por Josias Láng-Ritter e conduzido por cientistas da Universidade Aalto, uma instituição pública de pesquisa finlandesa. Os resultados da pesquisa foram publicados na Nature Communications.

A tese dos finlandeses é que as estimativas atuais sistematicamente subestimam as populações rurais. Os números apresentados atualmente podem representar só metade da população realmente existente. E esse erro de cálculo pode ter impactos tremendos no planejamento de serviços públicos para os países.

O que barragens tem a ver com população mundial

A pesquisa começou se preocupando com os danos causados pelos projetos de construção de barragens. Sempre que eles estimavam quantas pessoas precisariam mudar de região, os números variavam muito das estatísticas oficiais. Daqui surgiu a curiosidade de estudar melhor a estimativa de populações em zonas rurais.

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Os cientistas usaram dados de 307 projetos de barragem, realizados entre 1980 e 2010, em 35 países diferentes, como China, Austrália, Polônia e  Brasil. Eles consideraram o número de pessoas realocadas pelos projetos como o total da população naquela zona rural anteriormente, e compararam esses números com os cinco maiores bancos de dados sobre população mundial.

Eles encontraram discrepâncias óbvias entre as estimativas dos projetos de barragens e os cálculos demográficos tradicionais. Os censos mais precisos consideravam 53% menos pessoas do que a população que realmente morava na área antes da construção da barragem. O pior censo considerava que a região tinha 84% menos moradores do que a realidade.

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Esses erros de contagem provavelmente acontecem porque os censos em áreas rurais são muitas vezes incompletos. Ao mesmo tempo, as técnicas usadas para estimar o número de pessoas foram historicamente desenvolvidas para terem mais precisão em áreas urbanas.

As regiões que tem a população subestimada podem sofrer com falta de atendimento do Estado. Sem dados regionais precisos, é difícil saber como alocar recursos da forma mais eficiente e justa possível.

A equipe de Láng-Ritter acha que o número real da população global é maior que o estimado pela ONU, mas se recusou a oferecer uma estimativa de um novo número.

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Novos estudos precisam ser feitos para verificar se a hipótese dos finlandeses realmente faz sentido. Muitos dos dados que abasteceram o estudo vem da China ou de outras partes da Ásia, e podem não ter o mesmo nível de aplicabilidade em países menores. É improvável que existam bilhões de pessoas escondidas nas zonas rurais, mas dados novos e de mais qualidade precisam ser coletados para atender e conhecer com precisão as pessoas que moram fora das cidades.

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