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Por que gostamos tanto de filmes de terror?

Curte levar uns sustinhos? Entenda como experiências assustadoras alteram o nosso corpo – e podem, na medida certa, ser prazerosas.

Por Leo Caparroz
26 out 2022, 20h05

O medo é uma herança evolutiva. Quando nos deparamos com uma situação que nunca vimos antes, nosso cérebro pode interpretá-la como uma possível ameaça à nossa sobrevivência e se prepara para duas opções: lutar ou fugir.

Vários aspectos biológicos do corpo se alteram para te preparar para o pior. O organismo injeta doses cavalares dos hormônios adrenalina e cortisol na corrente sanguínea. A pressão e a frequência cardíaca aumentam, as pupilas dilatam, os músculos recebem mais sangue (e glicose) e algumas partes do corpo, como o sistema gastrointestinal, reduzem a atividade para economizar energia (daí o “frio na barriga”).

Mas se o medo serve para nos manter longe de ameaças e nos proteger do perigo, por que algumas pessoas gostam tanto de filmes de terror? Acontece que, paradoxalmente, essa emoção também pode estar no cerne de atividades e comportamentos que geram prazer.

Um laboratório de sustos

O Recreational Fear Lab, na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, foi criado por cientistas que queriam investigar justamente as consequências desse tipo de sentimento, que foi apelidado de “medo recreativo”.

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O medo recreativo seria uma forma de comportamento lúdico, presente no reino animal e, por consequência, nos humanos. Quando um indivíduo brinca, ele aprende habilidades importantes e desenvolve estratégias de sobrevivência. Ao participar de um esconde-esconde, por exemplo (ou assistir a um filme de terror), estamos brincando com o próprio medo, desafiando nossos limites e aprendendo sobre nossas respostas fisiológicas e psicológicas para esse estresse – sem se colocar de fato em perigo.

Em sua pesquisa, os cientistas dinamarqueses investigaram as experiências dos visitantes de uma casa assombrada. Eles montaram câmeras de vigilância em alguns cômodos da casa e equiparam os participantes com monitores de frequência cardíaca. Ao final da visita, responderam um questionário sobre como se sentiram depois da experiência.

“Eles enxergaram a atividade como uma espécie de brincadeira, apoiando nossa noção de horror recreativo como um meio para brincar com o medo”, escreve Mathias Clasen, um dos envolvidos no estudo.

A ideia da pesquisa era aprofundar os conhecimentos sobre a relação entre medo e prazer. De acordo com os cientistas, essa relação não é linear – ou seja, não segue um padrão de quanto mais, melhor.

Ao visitar uma atração assombrada, experimentar um jogo de terror, ou até praticar um esporte perigoso, as pessoas não querem sentir uma dose baixa de medo, que pode tornar a atividade tediosa. Mas também não querem sentir muito medo, que pode ser desagradável. Assim, o máximo de prazer estaria no meio da escala de terror. 

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E o que ganham os fãs de terror além de prazer? “Vários estudos sobre o medo recreativo já mostraram que ele pode melhorar a capacidade das pessoas em lidar com o estresse e a ansiedade”, afirma Clasen.

“Os fãs de terror parecem treinar sua capacidade de regular seu próprio medo ao brincar com ele”, continua o pesquisador, que reforça outro elemento importante: estar no controle da situação. “Para que o medo seja divertido, você precisa sentir não apenas que os níveis são perfeitos, mas que você está no comando relativo da experiência. As pessoas usam ativamente uma série de estratégias para regular seus níveis de medo em busca do ponto ideal, e faz sentido melhorarmos o uso delas através da prática.”

O medo recreativo é uma espécie de campo de treinamento para o mundo real. Portanto, pode consumir terror sem culpa: são essas doses que podem te preparar para um futuro baque da vida – mas a gente espera, claro, que isso nunca aconteça.

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