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Prêmio Ig Nobel: Muppet Show em Harvard

Assim é a entrega do Ig Nobel, que premia experiências que ¿não podem nem devem ser repetidas¿.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 31 mar 2004, 22h00

O Prêmio Nobel consagra, todos os anos, as mais talentosas e criativas mentes humanas. Desde 1991, ele tem uma espécie de antítese. É o Prêmio Ig Nobel, criado para celebrar as descobertas e conquistas da ciência que “não podem nem devem ser repetidas”. Nem por isso ele é desprezado pelos cientistas. Muito ao contrário. Todos os anos, em outubro, 1200 pessoas lotam o Sanders Theater, o maior, mais antigo e mais imponente auditório da renomada Universidade de Harvard, em Cambridge, no estado americano de Massachussetts, para assistir a operetas (sobre temas como clonagem, o Big Bang ou uma dança de elétrons) e se divertir. Os escolhidos são recebidos com muito carinho e aviõezinhos de papel pela platéia – e recebem o troféu das mãos de ganhadores do Nobel (sim, o Nobel de verdade). “É um momento mágico”, afirma o professor Marc Abrahams, criador e mestre de cerimônias do Ig Nobel. “Naquele exato instante, dois opostos do universo se encontram e se tocam. E os dois se olham nos olhos com igual admiração.”

Tudo começou em 1990, quando Abrahams descobriu na biblioteca da universidade um exemplar do Jornal dos Resultados Irreproduzíveis (JIR, na sigla em inglês), boletim de humor criado, em 1o de abril de 1955, por um biólogo e um físico israelenses. O professor de Harvard enviou um artigo, na esperança de que ele fosse publicado. Mal sabia que a revista andava tão mal das pernas que o dono o convidaria, imediatamente, para se tornar o novo editor. Abrahams procurou os pioneiros (Alexander Kohn e Harry Lipkin) e se apaixonou pela idéia de divulgar relatos engraçados e absurdos, reais ou inventados.

A notícia de que o JIR seria relançado rapidamente se espalhou entre a comunidade científica e Abrahams passou a ser assediado por colegas de todo tipo. “Muita gente achava que eu tinha algum poder de influência na escolha do Nobel e vinha me contar por que se julgava em condições de ganhar o prêmio”, lembra. “Em alguns casos, essas pessoas tinham razão. Elas mereciam um troféu.” Para a primeira festa do Ig Nobel, ele convidou quatro professores que haviam ganho o Nobel. Para surpresa geral, todos não só apareceram como chegaram vestidos com roupas de ginástica e óculos de Groucho Marx.

Ao final de uma das primeiras cerimônias, uma jornalista aproximou-se de um dos laureados com o Nobel, que havia acabado de entregar os prêmios, e perguntou como ele se sentia. “Muito bem. Essas pessoas são tão engraçadas. Você pode acreditar que elas realmente fizeram essas coisas?” Ao que a moça respondeu. “Mas eles fizeram tudo isso.” O professor ficou em silêncio por alguns instantes. Em seguida, deu um sorriso maroto. Desde então, sempre que pode ele comparece ao evento para se congratular com esses “anti-heróis”.

A festa, que tem transmissão ao vivo pela internet, nunca parou de crescer. Hoje, a operação consome o ano todo e envolve centenas de voluntários, entre professores, alunos e especialistas das mais diversas áreas. Os premiados também se sentem cada vez mais valorizados – tanto que muitos pagam, do próprio bolso, as passagens e a hospedagem só pelo prazer de ser ovacionados no palco de Harvard. “O Ig Nobel é uma celebração da ciência e uma demonstração de que cientistas gostam do que fazem”, diz Abrahams. “Ao contrário do que dizem alguns, não estamos aqui para destratar a ciência ou defender trabalhos ruins. Muitos dos premiados fazem excelentes estudos, com muito método, e talvez até com grandes benefícios para a humanidade.”

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Quem já foi à cerimônia garante que ela é de morrer de rir. Abrahams, como mestre de cerimônias, mais parece Caco, o Sapo, tentar desesperadamente manter um mínimo de ordem no salão. No palco, cantores líricos dividem o espaço com ganhadores do Nobel, que cantam e dançam sem nenhum pudor ou vergonha (já houve encenações sobre o Big Bang e clonagem). E ainda topam de participar de um inusitado sorteio, que mobiliza todos os presentes e dá como prêmio a possibilidade de ter um encontro com um dos laureados.

Certa vez, no final da festa, foi realizado um casamento entre dois cientistas. Durou apenas 60 segundos, mas teve 1200 convidados, entre os quais cinco premiados com o Nobel. A mãe da noiva confessou que “não era nada do que ela esperava para a filha… mas foi muito melhor”. Assim é o Ig Nobel. Uma grande celebração da ciência e da vida. Sem nunca perder o bom humor.

Para participar do Ig Nobel

Critério oficial para merecer o prêmio:

O Ig Nobel é conferido a quem realizar coisas que não podem nem devem ser reproduzidas.

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Critério não-oficial para merecer o prêmio:

O trabalho deve primeiro fazer as pessoas rirem e, depois, pensarem.

Quem pode mandar indicações:

Qualquer um.

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Quem pode ser premiado:

Qualquer um, em qualquer lugar. Todas as pessoas têm idéias incomuns e querem transformá-las em realidade. Os ganhadores do Ig Nobel têm idéias muito incomuns e não têm medo de mostrá-las ao mundo.

Como indicar alguém:

Junte informações que expliquem quem é o indicado e o que ele fez para merecer o prêmio.

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Mande tudo por correio ou por e-mail para:

Ig Nobel Nominations c/o Annals of Improbable Research

P.O. Box 380853

Cambridge, MA 02238

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Estados Unidos

air@improbable.com

Para mais informações, visite o site https://www.improbable.com

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