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Quanto pesa a Via Láctea, segundo estimativas da Nasa

É tanto zero que nem vale a pena escrever aqui.

Por Guilherme Eler
8 mar 2019, 20h27

Combinando dados obtidos pelo telescópio Hubble e pelo satélite Gaia (mantido pela ESA, agência espacial europeia), a Nasa foi capaz de estimar com precisão inédita a massa total de nossa galáxia.

Segundo os cálculos da agência americana, a soma de estrelas, planetas, asteróides, buracos negros, gás e poeira presentes na Via Láctea é equivalente à massa de 1.5 trilhão de sóis – sim, a estrela que a Terra e seus planetas vizinhos orbitam. Achou pouca coisa? Impressão sua. Para chegar ao valor exato, basta considerar o Sol tem aproximadamente 1,989 × 1030 quilogramas e multiplicar esse valor por 1.5 trilhão. É tanto zero que nem vale a pena escrever aqui.

As 200 bilhões de estrelas que existem na Via Láctea correspondem a uma fatia pequena desse total – apenas 4%. Nuvens de gás e poeira, cometas, asteroides e planetas (com tudo que está neles, incluindo nós humanos) abarcam os outros 14%. O restante cai na conta da chamada matéria escura, substância misteriosa – que não conhecemos direito até hoje – e que serve de pano de fundo para tudo que existe no Universo.

Estima-se que a matéria escura componha mais de 80% do que conhecemos como matéria estelar. Como esta é uma estimativa, quer dizer que essa conta pode não ser exatamente precisa. Isso porque, por não poder ser vista, a matéria escura também não pode ser “pesada” com precisão.

Para driblar essa característica, astrônomos resolveram investigar a influência que a matéria escura tem em outros objetos estelares, os chamados aglomerados globulares. Ganham esse nome grandes amontoados de estrelas antigas, formados apenas centenas de milhares de anos após o início do universo, e que permanecem juntos pela ação da gravidade. Estima-se que existam pelo menos 150 desses aglomerados nossa galáxia.

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Como explica a ESA, a combinação entre informações como massa dos aglomerados estelares e o quão afastados eles estão ao longo do tempo pode servir para medir quantos quilos têm a Via Láctea – ou melhor dizendo, a quantos sóis ela equivale. Isso porque, quanto mais massiva é uma galáxia, mais rapidamente um aglomerado estelar se move, por influência da gravidade que sofre. Analisando esse movimento, sua velocidade pode ser calculada – e, por tabela, a massa da galáxia.

O trabalho do telescópio Hubble e de Gaia, satélite da ESA, dessa forma, foi acompanhar o movimento de 46 aglomerados globulares – o mais distante deles a entrar na análise está a 130 mil anos-luz da Terra. A partir dos dados dessa amostra, foi possível achar um padrão que vale para a Via Láctea inteira.

Mas, para que exatamente é importante ter essa informação? – você leitor, pode estar se perguntando. Roeland van der Marel, do centro científico de operações do Telescópio Hubble, explica. “Queremos saber a massa da Via Láctea de forma mais precisa para colocar essa informação em um contexto cosmológico, que permita comparar nossa galáxia a outras que se formaram no universo”, disse, em comunicado.

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“Não saber dizer com precisão a massa da Via Láctea é um problema para várias questões cosmológicas”, continua van der Marel. Entre essas questões estão dúvidas como, por exemplo, a maneira que a Via Láctea interage com galáxias vizinhas e como ela se desenvolveu nos últimos milhões de anos.

A efeito de comparação, as galáxias mais leves que conhecemos no universo até hoje tem massa estimada em um bilhão de sóis. As mais pesadas, por outro lado, são 30 mil vezes mais massivas – ou seja, têm 30 trilhões de vezes a massa do Sol. Tendo isso em mente, dá para dizer que nossa Via Láctea está no meio do caminho: nem muito pesada nem leve demais em comparação com outras galáxias vizinhas.

O novo número, 1.5 trilhão de sóis, serviu para atualizar o que já havíamos reunido sobre o tema em outras oportunidades. Pesquisas anteriores que combinavam técnicas de observação diferentes estimaram a massa de nossa galáxia como algo entre 500 bilhões e 3 trilhões de sóis.

O levantamento atual, apesar de ser mais preciso, ainda não é definitivo. No estudo atual, afirma-se, por exemplo, que a área ocupada pela matéria escura em nossa galáxia é perfeitamente esférica. Não se sabe, no entanto, se ela pode ter um formato diferente, sendo um pouco maior em uma direção do que em outra, por exemplo. Uma conta definitiva só seria possível se conseguíssemos mapear cada um dos 150 aglomerados estelares conhecidos – tarefa que, como vimos, terá que ser assumida por telescópios mais potentes no futuro.

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Os resultados da pesquisa foram publicados na revista científica Astronomical Journal.

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