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Relâmpago que atingiu Rio Grande do Sul pode ter sido o maior da história

O recorde anterior – de um raio com 500 km de tamanho que despencou nos EUA em 2017 – teria sido superado por outro clarão, avistado no Brasil.

Por Guilherme Eler
Atualizado em 14 jan 2020, 20h32 - Publicado em 31 out 2019, 10h05

A maioria dos relâmpagos que despontam na atmosfera terrestre tem entre 6 e 10 quilômetros de altura. Mas, desde a década de 1950, cientistas sabem que descargas elétricas podem alcançar uma extensão ainda maior – superando fácil a marca dos 100 km de largura quando se espalham horizontalmente pelo céu. 

Décadas mais tarde, com a ajuda satélites de medição mais precisos e a descoberta dos sprites, clarões que ocorrem durante tempestades em altitudes de até 90 km da superfície, despontaram evidências de raios bem mais compridos. Em 2007, um relâmpago com 321 km de largura foi registrado no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos.

Esse recorde foi novamente superado dois anos atrás – de novo, com um relâmpago avistado no estado americano de Oklahoma. É o que pesquisadores descrevem em um novo estudo, publicado na revista da Sociedade Meteorológica Americana no último dia 16 de outubro.

Um relâmpago com 500 quilômetros atingiu o norte do Texas na manhã do dia 22 de outubro de 2017 – mais precisamente 1:13 da manhã, fruto de uma sequência de tempestades que se formaram a partir de uma frente fria. O clarão se estendeu pelos estados de Oklahoma e Kansas, no sudoeste dos Estados Unidos, iluminando no total 67,845 quilômetros quadrados. Não é pouca coisa. A distância percorrida pelo raio seria suficiente para cruzar a Suécia de leste a oeste – ou fazer o percurso entre a cidade de Campinas, no interior de São Paulo, até o Rio de Janeiro.

Além de usar detectores posicionados em estações de observação na Terra, a equipe envolvida na pesquisa analisou dados captados pelo GLM (sigla em inglês para Mapeador de Relâmpagos Geoestacionário). A ferramenta está a bordo de dois satélites, GOES 16 e GOES 17, lançados ao espaço em 2017 e 2018, respectivamente.

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A peculiaridade da descoberta fez a imprensa mundial tratar o tal relâmpago como o mais extenso da história – como você pode conferir no título deste texto ou deste outro. O problema é que o tamanho do mega-raio descrito no estudo não foi reconhecido pela Organização Meteorológica Mundial. Então, ainda não dá para configurá-lo como um recorde oficial.

E antes mesmo que se estabeleça como o novo número a ser batido, o tal raio americano de 500 quilômetros já teve seu posto ameaçado. Isso porque há outros dados reunidos pelo GLM que contestam a marca – elegendo, inclusive, um relâmpago made in Brazil para o título de maior clarão da história.

O raio em questão teria atingido o estado do Rio Grande do Sul em 31 de outubro de 2018. Com início às 5h40, ele se espalhou por 673 quilômetros ao todo, iluminando o céu por 7 segundos e alcançando uma área de mais de 100 mil quilômetros quadrados. Um estudo científico que comenta o fenômeno foi publicado em agosto de 2019, e está disponível neste link. Como no caso do relâmpago americano, falta ainda uma confirmação da Organização Meteorológica Mundial para os brasileiros comemorarem o primeiro lugar no pódio.

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O Brasil, aliás, é o país que recebe mais raios em todo o mundo. Só entre os anos de 2010 e 2016 foram pelo menos 78 milhões, em média, segundo dados do INPE. O destaque vai para 2012, período que somou 94,3 milhões de relâmpagos. 

É bem provável que essa mudança recente de recorde também não seja a última – e que mais mega-relâmpagos deem as caras em diferentes pontos do planeta nos próximos anos. No fim das contas, vale o que escreveram os autores americanos no estudo mais recente. “É possível que um próximo mega-relâmpago atinja a marca dos 1,000 quilômetros de tamanho? Nós não apostaríamos contra isso. Que a busca comece”.

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