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Risco de tsunamis gigantes aumenta com o derretimento de geleiras

Onda que atingiu a costa leste da Groenlândia em 2023 tinha 200 m de altura e 10 km de extensão; eventos como esse podem se tornar cada vez mais frequentes.

Por Eduardo Lima
Atualizado em 30 ago 2024, 17h12 - Publicado em 25 ago 2024, 16h00

Em 16 setembro de 2023, a costa leste da Groenlândia foi atingida por um tsunami gigante. A onda tinha 200 metros de altura, o tamanho de cinco estátuas do Cristo Redentor empilhadas, e 10 km de largura. Felizmente, trata-se de um local isolado, sem população humana.

Agora, cientistas descobriram que o que causou o fenômeno foi um gigantesco deslizamento de terra, que pode ter sido causado pelo derretimento de geleiras no Polo Norte.

Analisando a região após o evento, os pesquisadores encontraram um pedaço de rocha faltando num penhasco próximo ao fiorde Dickson, local onde a onda fez mais estrago. 

Sabe-se agora que a queda desse pedaço de geleira, um misto de rocha com gelo, causou o tsunami. A onda gigante não matou ou machucou ninguém, mas destruiu uma base militar na ilha Ella, próxima dali.

A análise dos dados sísmicos do evento foi publicada na revista The Seismic Record por cientistas do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências de Potsdam. Eles descobriram que, depois do tsunami, uma onda bem menor ainda ficou batendo de um lado para o outro do fiorde por dias.

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Tsunami climático

Os dados sobre o tsunami foram captados por estações de monitoramento de terremotos a cinco mil quilômetros de distância. As ondas sísmicas do evento se espalharam pelo mundo.

Com essas informações, imagens de satélites e modelos de computador, os cientistas alemães identificaram um primeiro sinal sísmico, do tsunami, e um segundo, bem mais fraco, mas mais duradouro. Esse último foi identificado como uma onda de um metro de altura que continuou ricocheteando no meio do fiorde por uma semana depois do tsunami, como um resquício do evento.

Regiões do mundo próximas aos polos, como a Groenlândia, estão cada vez mais suscetíveis a deslizamentos de terra como esse por causa das mudanças climáticas. O derretimento das geleiras, consequência do aquecimento global, e a perda do permafrost, a camada de solo congelada do Ártico, estão deixando os glaciares cada vez mais instáveis, podendo causar mais tsunamis parecidos no futuro.

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Antes do tsunami gigante de 2023, a Groenlândia já tinha sofrido eventos similares recentes. Em 2017, uma onda enorme no fiorde Karrat inundou o vilarejo de Nuugaatsiaq e matou quatro pessoas.

As geleiras do norte da Groenlândia perderam mais de 35% de seu volume nos últimos 40 anos, de acordo com estudo de 2023. Se elas continuarem derretendo assim, o perigo não é só o de tsunamis gigantes na ilha, mas também de uma elevação do nível do mar mundial em 2,1 metros, que destruirá cidades e áreas costeiras.

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