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Sapos vivendo em Chernobyl não sofrem fortes efeitos a longo prazo da radiação

Os anfíbios que vivem na região do acidente nuclear não exibem nenhuma diferença gritante de sapos morando em áreas sem radiação.

Por Eduardo Lima
16 nov 2024, 10h00

Em 1986, uma falha no reator n.º 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, levou ao pior acidente nuclear da história, que espalhou radiação pela antiga União Soviética e pela Europa. O efeito foi sentido pelos seres humanos e pela natureza da região, próxima à cidade de Pripyat, hoje abandonada.

Quem saiu relativamente impune do acidente nuclear foram os sapos morando em Chernobyl hoje em dia, que não foram afetados em seu envelhecimento e não apresentaram diferenças no nível de corticosterona, hormônio associado à resposta que os sapos dão ao estresse.

Essas descobertas foram publicadas no periódico Biology Letters, num artigo que compara os sapos que vivem em áreas com altos níveis de radiação e outros espécimes capturados em áreas sem radiação. O estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade de Oviedo e pela Estação Biológica de Doñana, na Espanha.

Foi a primeira vez que cientistas estudaram o impacto de longo prazo da radiação de Chernobyl no envelhecimento da fauna da região. A conclusão do estudo é que, hoje em dia, o nível de radiação experimentado pelos sapos não seria suficiente para causar dano crônico aos animais, que não apresentam nada extremo que os diferencie de espécimes que vivem longe da área do acidente.

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Reserva de Chernobyl

Esses estudos são importantes para entender como preservar a fauna da região de Chernobyl hoje, quase 40 anos depois do acidente nuclear. A área está bem diferente do que era no fim dos anos 1980. Menos de 10% da radiação emitida no acidente continua na região. Alguns dos isótopos radioativos mais perigosos desapareceram poucos meses depois de sua liberação.

Para os especialistas, a zona de exclusão de Chernobyl região de alta concentração radioativa ao redor de onde era a usina nuclear – deve ser tratada como uma área protegida de refúgio de vida selvagem, com espécies adaptadas ao ambiente que precisam ser preservadas. Algumas estimativas apontam a região inabitada como uma das maiores reservas naturais na Europa atualmente.

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O estudo dos sapos vivendo em Chernobyl começou em 2016, quando o acidente completou 30 anos. Os pesquisadores focaram em uma espécie específica, o sapo oriental (Hyla orientalis), já que estudos anteriores já tinham mostrado que eles eram especialmente resistentes aos efeitos da radiação presente em Chernobyl.

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Os cientistas estudaram o impacto da radiação no envelhecimento para ver se os sapos desenvolviam ou acumulavam problemas com o tempo, por causa da exposição constante à radiação. Não foi o que aconteceu entre os mais de 200 espécimes capturados na região.

Ainda não é seguro viver na zona de exclusão de Chernobyl, se você for um ser humano. Agora, se você for um sapo, pode fazer suas malas. Mais estudos são necessários para entender o impacto da radiação em outras espécies animais.

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