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Serenata de crustáceos: esses caranguejos fazem sons para conquistar um par

Cientistas ouviram a corte dos caranguejos-violinistas com geofones, revelando como se comunicam em meio ao barulho da costa.

Por Manuela Mourão
18 abr 2025, 18h00

Vários animais emitem sons para acasalar — sapos, pássaros e baleias estão entre os mais conhecidos por dominarem a “língua do amor” em forma de canto. Porém, pesquisadores descobriram que, no fundo do mar, outro animal também é mestre na serenata: o caranguejo-violinista (Afruca tangeri).

Apesar do nome romântico sugerir que os sons desses animais já fossem conhecidos, o apelido vem, na verdade, da forma como os crustáceos balançam suas garras para se comunicar. Agora, a pesquisa registrou, pela primeira vez, os sinais vibratórios usados pelos machos durante o cortejo. Os resultados foram publicados no Journal of Experimental Biology.

A sinfonia é uma mistura de tamborilar o solo com sua garra ou ao bater o casco no chão. Até agora, porém, não estava claro o quanto esses sinais conseguiam transmitir informações de forma eficaz nas regiões intertidais — faixas de costa entre as marés alta e baixa — que são sonoramente caóticas e altamente competitivas, onde esses caranguejos vivem.

Questionando a eficiência dos sons, um time de pesquisadores do Laboratório de Vibração Animal da Universidade de Oxford analisou e gravou caranguejos-violinistas da Península Ibérica. 

Com vídeos feitos utilizando geofones, que registram com precisão as vibrações, a equipe acompanhou uma rotina repetitiva de cortejo de quatro etapas: primeiro, os animais acenavam suas garras, seguido por acenos sequenciais e quedas do corpo para produzir um sinal vibratório; depois, movimentos simultâneos e, finalmente, uma exibição de tambores subterrâneos se a fêmea se aproximar da toca. A cada passo, a energia sísmica registrada pelos geofones se intensificou. 

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Os pesquisadores observaram que variações no ritmo, duração e volume das vibrações permitiam distinguir diferentes comportamentos de acasalamento dos caranguejos. Com isso, treinaram um programa de IA para identificar esses comportamentos com até 70% de precisão, abrindo caminho para o uso de vibrações no monitoramento remoto de animais.

Depois de mais de 8 mil análises de gravações, os cientistas concluíram que, quanto maior o macho, mais intensos eram os sinais sísmicos, com picos de percussão de maior amplitude.

Além disso, o alcance do som até locais distantes impedia que os machos fossem desonestos sobre seu tamanho, permitindo que as fêmeas avaliassem, à distância, a qualidade e o tamanho das garras — e, para elas, tamanho importa.

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O autor do estudo, Tom Mulder, do departamento de Biologia da Universidade de Oxford, disse em comunicado que “os machos não conseguem, ou não mentem, sobre seu tamanho físico. As fêmeas podem confiar na intensidade dos sinais sísmicos para avaliar honestamente a qualidade de um parceiro em potencial, tudo isso sem precisar vê-lo.”

Ainda em comunicado, Beth Mortimer, que também foi autora do estudo, disse que as garras maiores têm vantagens ao superar o ruído sísmico e permitir a sinalização para fêmeas mais distantes.

A comunicação sísmica percussiva, em vez de vocal, é vantajosa para os caranguejos-violinistas em seus habitats barulhentos. Ajustar a intensidade e a repetição dos sinais é uma forma simples, porém eficaz, de pequenos animais se comunicarem nesses ambientes ruidosos.

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Porém, para os pequenininhos, Mortimer deixa um recado: “as vantagens são observadas apenas em sinais de percussão, como tamborilar, e, felizmente, para caranguejos com garras menores, estes são apenas parte da rotina de cortejo.”

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