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Telescópio captura primeira foto de estrela supergigante fora da nossa galáxia

As imagens podem ser as primeiras e últimas também, já que o astro passa por um processo de morte lento.

Por Manuela Mourão
22 nov 2024, 19h00

A primeira imagem capturada de uma estrela fora da Via Láctea foi revelada, mas junto a ela veio também uma notícia mórbida: o registro mostrava o processo da morte lenta dessa bola de gás quente.

Conhecida por WOH G64, essa estrela faz de sua casa um espacinho de galáxia a 160.000 anos-luz da Terra, na Grande Nuvem de Magalhães (LMC). E ela não é pouca coisa: chamada de “estrela gigante”, esse astro é cerca de 2.000 vezes maior que nosso Sol, entrando na classificação oficial de “supergigante vermelha”. 

Fotos de estrelas não são novidade, mas capturar estrelas de outras galáxias é um trabalho complicado para os cientistas. O time de astrônomos responsável pela descoberta usou o Interferômetro do Very Large Telescope (VLTI), do Observatório Europeu do Sul (ESO), para enxergar e dar “zoom” na gigante vermelha. A tarefa foi um sucesso, e os registros também mostraram o casulo de poeira e gás que estão rodeando o astro.

A foto capturou os últimos momentos de vida da WOH G64 (que podem durar milhares de anos). Em breve, ela deve explodir em uma supernova.

“Descobrimos um casulo em forma de ovo cercando de perto a estrela. Estamos animados porque isso pode estar relacionado à ejeção drástica de material da estrela moribunda antes de uma explosão de supernova”, diz Keiichi Ohnaka, astrofísico da Universidad Andrés Bello, Chile, e autor principal do estudo em release.

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Amor de outros carnavais

Ohnaka e seu time já vinham observando a supergigante há um tempo. Em 2005 e 2007 eles usaram o VLTI no deserto do Atacama para entender mais sobre as facetas do astro, e desde então não abandonaram o desejo de conhecer mais a WOH G64. 

Esta imagem mostra a localização da estrela dentro da Grande Nuvem de Magalhães, com alguns dos Telescópios Auxiliares do VLTI em primeiro plano.
(ESO/K. Ohnaka et al./Y. Beletsky (LCO)/Reprodução)

As investigações revelaram várias características da estrela, mas a captura de uma imagem real dela só foi possível com o desenvolvimento do instrumento de segunda geração do VLTI: o “GRAVITY”. Esse instrumento combina a luz de quatro telescópios do VLT, permitindo a imagem de objetos tênues com alta sensibilidade. Foi graças ao GRAVITY, também, que a equipe concluiu que o brilho da estrela vem diminuindo nos últimos 1o anos. 

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“Descobrimos que a estrela vem passando por uma mudança significativa nos últimos 10 anos, nos dando uma rara oportunidade de testemunhar a vida de uma estrela em tempo real”, falou Gerd Weigelt, professor de astronomia no Instituto Max Planck de Radioastronomia em Bonn, Alemanha, e coautor do estudo.

Tudo indica que a WOH G64 está escurecendo por causa das camadas de material estelar que se desprendem para criar o envelope em forma de ovo ao seu redor, que pode ser o resultado da influência gravitacional de uma estrela companheira não descoberta próxima.

A imagem ampliada do astro gigante pode ser a primeira de poucas: ao continuar expelindo gás e poeira, ela ficará cada vez mais fraca, dificultando novas fotos. Espera-se que atualizações no VLTI, especialmente com o instrumento GRAVITY, possam possibilitar futuras imagens da estrela moribunda enquanto se aproxima de sua destruição.

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“Observações de acompanhamento com instrumentos do ESO serão importantes para entender o que está acontecendo com a estrela”, disse Ohnaka. As descobertas foram publicadas na revista Astronomy & Astrophysics.

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