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Timão e Pumba amazônicos: vídeo flagra amizade entre jaguatirica e gambá; veja

A união improvável pode beneficiar a alimentação dos dois animais e coloca em xeque as ideias tradicionais de isolamento e competição de espécies.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 14 ago 2025, 11h32 - Publicado em 12 ago 2025, 19h00

Hakuna Matata, para quem cresceu pirando no filme O Rei Leão, é um bordão usado pela dupla imbatível da animação da Disney, Timão e Pumba, um suricato e um javali. Significa “sem problemas”, “sem preocupações” ou “vá com calma”. Esse é o primeiro ensinamento dos dois animais para Simba, quando ambos conhecem o leãozinho ainda pequeno, ansioso e perdido na floresta. 

Quando pesquisadores instalaram armadilhas fotográficas na selva peruana para estudar aves, esperavam capturar imagens de penas e bicos. No entanto, capturaram um exemplo vivo dessa expressão, vindo de um improvável e canônico duo felino-marsupial.

Os animais, uma jaguatirica (Leopardus pardalis) e um gambá-comum (Didelphis marsupialis) caminhando, não se comportavam como predador e presa, mas como velhos conhecidos voltando de um bar (tem coisa mais Hakuna Matata que isso?). Os dois devem deixar Donald Glover, Seth Rogen e Billy Eichner – Simba, Timão e Pumba, respectivamente – sem trabalho na próxima versão de live action de O Rei Leão. 

Em entrevista ao The New York Times, a bióloga comportamental Isabel Damas-Moreira, da Universidade de Bielefeld, na Alemanha, afirmou que a primeira hipótese da equipe foi que a jaguatirica estivesse seguindo o gambá como quem realiza um estudo de caso, aprendendo sobre os comportamentos do animal para depois devorá-lo. Porém, essa ideia caiu por terra por dois motivos: primeiro, isso não explicaria o comportamento tranquilo do gambá e segundo, os animais são vistos juntos novamente, minutos depois da primeira aparição no vídeo. 

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O encontro, que foi documentado por câmeras em diferentes locais e anos, levanta questões sobre a natureza dessa relação. Estudos subsequentes mostraram que gambás se sentem atraídos pelo cheiro das jaguatiricas, interagindo com tecidos impregnados com seu odor muito mais do que com o de outros predadores, como a onça-parda. Esse experimento foi registrado em um estudo publicado na revista científica Ecosphere. A pesquisa sugere que essas são as primeiras evidências de associação entre jaguatiricas e gambás. 

Imagens de diferentes indivíduos de jaguatirica e gambá se movendo juntos em diferentes anos e locais.
(Ettore Camerlenghi/sabel Damas-Moreira/Angelo Piga/Wildlife Alliance /Nadine Holmes/Divulgação)
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O motivo da união ainda é um mistério até agora, não se sabe se a jaguatirica tinha um tio responsável pela morte de seu pai e precisou fugir em busca de refúgio e uma rede de apoio.

Mas existem hipóteses. Uma delas sugere que a explicação está na “camuflagem química”: o cheiro forte do gambá poderia ocultar a presença da jaguatirica para as presas do felino. O contrário também poderia acontecer: o odor do marsupial pode ser disfarçado pelo da jaguatirica, para protegê-lo diante de predadores maiores. Outra possibilidade é que ambos se beneficiem na caça, semelhante à parceria entre coiotes e texugos na América do Norte.

Casos como este desafiam percepções tradicionais sobre competição e isolamento entre espécies, sugerindo cooperações e alianças improváveis que podem ser cruciais para a sobrevivência na selva. Neste caso, os gambás podem funcionar como uma distração inofensiva, identificando presas que eles mesmos não conseguiriam abater sozinhos, mas que as jaguatiricas, sim. Então, os pequenininhos se aproveitariam das carniças deixadas pelos gatões para trás. 

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Considerando que gambás são criaturas solitárias e que mantém suas comunicações com a própria espécie restrita a apenas períodos de acasalamento, a descoberta é inesperada. Por isso, mais pesquisas sobre a vida de gambás são necessárias.

Diego Astúa, professor e curador de mamíferos da Universidade Federal de Pernambuco, no Brasil, cuja pesquisa se concentra em gambás, diz que “provavelmente encontraremos cada vez mais registros surpreendentes como este”, ao The New York Times.

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