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Tomates são geneticamente modificados para crescer em “cachos”

Variedade pode ser cultivada em ambientes com pouco espaço – ou até mesmo incrementar a alimentação de astronautas no futuro.

Por Guilherme Eler
27 dez 2019, 19h02

Sempre sonhou em ter sua própria plantação de tomates, mas jamais encontrou uma forma de fazê-la caber na varanda do apartamento? OK, seria um sonho incomum. Mas aqui vai uma boa notícia: cientistas americanos inventaram uma variedade do fruto que nasce em cachos – como se os tomatinhos fossem bagos de uva.

Para isso, pesquisadores investigaram primeiro a base genética do crescimento de tomates-cereja. Dois genes emergiram como os principais envolvidos no processo: SELF PRUNING e SP5G (sim, genes têm nomes estranhos). Eles fazem parte de uma gama de genes que controlam hormônios específicos, feitos para dizer à planta a hora certa de parar de produzir folhas e começar a produzir flores – que originarão os frutos e sementes.

Em resumo, esses genes determinam aspectos como o amadurecimento reprodutivo e o tamanho da planta. Modificar essas duas chaves genéticas, portanto, poderia criar tomateiros que demoram muito mais para crescer – ou que, por outro lado, florescem e frutificam mais cedo.

Só que mexer apenas com esse par de genes acabava causando dois problemas grandes: o sabor dos tomates ficava comprometido e cada pé passava a dar menos frutos. Aí que entrou em cena um terceiro gene, SIER, identificado de forma inédita pelo novo estudo. Esse último fica encarregado de determinar o comprimento dos caules do tomateiro.

Feito isso, o grupo usou a técnica de edição genética CRISPR/Cas9 para “desligar” o trio de genes, o que gerou plantas extremamente compactas – sem perdas no paladar e na produção. Além do tamanho reduzido, os buquês de tomate-cereja amadurecem bem mais rápido: seus frutos ficam prontos para a colheita em até 40 dias. No caso do pé de tomate convencional, o tempo médio de plantio pode se estender por 120 dias. Um artigo científico que detalha a descoberta foi publicado na revista Nature Biotechnology.

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A ideia é que, no futuro, a variedade sirva para cultivos em espaço reduzido de ambientes urbanos –  como jardins verticais ou o telhado de prédios, por exemplo. E por que não, possa ser levada a condições ainda mais extremas, e incrementar a alimentação de astronautas durante sua estadia no espaço. 

“Posso dizer que cientistas da Nasa expressaram um certo interesse em nossos novos tomates”, disse em comunicado Zach Lippman, pesquisador do Laboratório Cold Spring Harbor, nos EUA, que liderou o estudo. Que tal degustar uma massa com molho de tomate natural durante uma visitinha a Marte? Nada mal, não?

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