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Tomografias de 11 astronautas revelam como o cérebro se adapta ao espaço

Pesquisa indicou mudanças em áreas ligadas à atividade motora. Mas mostrou que o cérebro volta ao normal alguns meses após o retorno.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 13 mar 2024, 11h59 - Publicado em 8 set 2020, 16h26

Ao enfrentar longas viagens pelo espaço, o corpo dos astronautas enfrenta mudanças significativas devido a exposição à micro-gravidade. Degeneração óssea, perda muscular e danos na visão são apenas alguns dos problemas ocasionados por esse tipo de missão. Agora, pesquisadores europeus investigaram quais os efeitos que uma saidinha do planeta Terra pode ter sobre o cérebro dos viajantes. 

No estudo, publicado na revista científica Science Advances, foram analisadas ressonâncias magnéticas de 11 astronautas (todos homens) que passaram cerca de seis meses em órbita. Cada um deles foi submetido a três exames de imagem: um feito antes da missão, outro imediatamente após voltarem à Terra e um terceiro, feito sete meses depois do retorno.

Os registros mostravam um aumento na massa cinzenta e na massa branca em áreas do cérebro relacionadas ao movimento físico. Não é difícil entender essa relação. Pense que estamos acostumados a caminhar pela Terra, onde temos o auxílio da gravidade e uma clara noção do que está em cima ou embaixo. Na Estação Espacial Internacional a história muda. Tudo flutua, e os astronautas precisam reaprender a andar. Então, os neurônios responsáveis pela atividade motora se reconfiguram para lidar com as novas demandas – um fenômeno conhecido como neuroplasticidade. 

Os pesquisadores identificaram mudanças em três regiões do cérebro: o córtex motor primário, responsável por enviar sinais de movimento aos músculos; o cerebelo, que controla os movimentos voluntários do corpo, como a postura e o equilíbrio; e os gânglios de base, que como o nome já diz, são a base de tudo, trabalhando no planejamento e execução dos movimentos.

Os cientistas também observaram que, no espaço, o líquido cefalorraquidiano (LCR), que ocupa o espaço entre o crânio e o córtex cerebral, começa a se redistribuir – e acaba empurrando o cérebro em direção ao topo do crânio. Nisso, os ventrículos, que são cavidades por onde o LCR se movimenta, acabam se expandindo. Este efeito, em particular, parece estar relacionado a perda da nitidez na visão, já que o fluido pode se acumular atrás da região ocular e comprimir os olhos.

Na primeira imagem, vê-se a distribuição do líquido cefalorraquidiano que, quando em órbita, mantém maior volume na região inferior do cérebro. Abaixo, nota-se o acúmulo do tecido cerebral líquido nos gânglios de base, córtex motor e cerebelo. (Science Advances Magazine/Divulgação)

 

Sete meses depois do retorno à Terra, o cérebro dos cosmonautas havia retomado quase que por completo sua configuração normal. Além disso, não foram observados sinais de degeneração, como ocorre com ossos e músculos – apenas uma readaptação. 

Os resultados serão utilizados em um projeto chefiado pela Roscosmos, agência espacial russa, e pela ESA (agência espacial europeia), que buscam compreender o impacto das viagens espaciais no cérebro humano e as maneiras de evitar os efeitos adversos. Floris Wuyts, pesquisador da Universidade da Antuérpia, na Bélgica, e autor do estudo, explicou que “Isso terá um impacto em futuras missões para as tripulações espaciais, mas também para os turistas que desejam passar um tempo no espaço”.

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