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Tubarões são flagrados comendo ouriços do mar – com espinho e tudo; veja vídeo

O registro traz o ASMR mais bizarro que você verá hoje.

Por Bela Lobato
Atualizado em 9 out 2024, 16h18 - Publicado em 9 out 2024, 10h00

Na costa da Austrália, cientistas montaram uma estrutura de câmeras de monitoramento para capturar as interações entre lagostas e ouriços do mar. O objetivo era entender melhor o papel do ouriço-do-mar – uma espécie invasora – naquela cadeia alimentar. Até então, achava-se que as lagostas eram o principal predador desses animais pontiagudos e indigestos. Mas as imagens revelaram outro personagem bem surpreendente: tubarões.

“Instalamos várias câmeras do lado de fora de um viveiro de lagostas e colocamos ouriços-do-mar nele. Filmamos à noite por quase um mês. Quando verificamos as filmagens, a maioria dos ouriços-do-mar havia sido comida – não por lagostas, mas por tubarões” conta o pesquisador Jeremy Day em um texto no site The Conversation

O vídeo mostra duas espécies de tubarões: Heterodontus portusjacksoni e Heterodontus galeatus. Os dois se deliciam facilmente com os ouriços-do-mar-de-espinhos-longos, os Diadema antillarum, que têm até 12 centímetros de diâmetro. Outros predadores de ouriços, como lagostas e peixes-bois, geralmente miram a parte inferior, que é a mais vulnerável. 

Os tubarões, por sua vez, parecem nem sentir os espinhos longos e a concha resistente do animal. O vídeo, além de impressionante visualmente, também oferece um ASMR de mastigação surreal.

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A descoberta é particularmente interessante porque, até então, acreditava-se que poucos predadores conseguiriam se alimentar desses ouriços. Isso também revela uma nova faceta do papel dos tubarões na cadeia alimentar local, atuando na regulação das populações de ouriços.

Na região estudada, no sudeste da Austrália, as águas estão se aquecendo quase quatro vezes mais do que a média global. Com isso, essa espécie de ouriço-do-mar expandiu sua distribuição para as regiões mais ao sul, e se tornou uma espécie invasora. Lá, ela consome grandes quantidades de algas e invertebrados, e transforma as florestas subaquáticas em desertos marinhos.

Até o momento, as lagostas eram consideradas os principais predadores naturais dos ouriços na Austrália, mas seu impacto tem sido limitado. A recuperação das populações de lagostas, após um período de pesca excessiva, não resultou em uma diminuição significativa no número de ouriços nem no crescimento das algas.

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O estudo sugere que os tubarões podem ser uma peça-chave na manutenção do equilíbrio ecológico, já que são predadores abundantes e resilientes. Eles não são pescados ativamente e parecem desempenhar um papel mais importante no controle da população de ouriços do que as lagostas, que são predadoras menos agressivas.

Embora a pesquisa traga novos insights, os cientistas ressaltam que o experimento foi realizado em condições controladas. Para facilitar a filmagem, eles criaram um ambiente artificial, com os ouriços presos na estrutura, e ainda não está claro se as dinâmicas de predação são as mesmas no habitat natural.

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O estudo foi publicado no último dia 3 na revista Frontiers in Marine Science.

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