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USP cria levedura que produz mais álcool

Micróbio é 60% mais eficiente – e pode viabilizar comercialmente o etanol de segunda geração.

Por Bruno Garattoni Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
30 Maio 2024, 14h00

Cientistas brasileiros criaram uma levedura que é mais eficiente na produção do chamado etanol de segunda geração (2G): um álcool que é feito com resíduos agrícolas e pode ser uma fonte adicional de combustível limpo (o etanol convencional libera 73% menos CO2 que a gasolina; já o 2G libera 80% menos, ou seja, ele é ainda melhor).

O estudo (1) foi liderado pela doutoranda Dielle Procópio, do Instituto de Química da USP, e coordenado por Thiago Olitta Basso, professor de engenharia química da Escola Politécnica (Poli) da USP – com quem a Super conversou.

O que é o etanol de segunda geração (2G), e qual sua diferença em relação ao etanol tradicional, vendido nos postos?

O etanol de primeira geração é feito a partir de açúcares simples, ou fermentescíveis [que podem ser fermentados]. Você pega a cana-de-açúcar, passa numa moenda e isso gera um suco rico em sacarose, que uma levedura então converte em etanol.

Já o etanol de segunda geração usa um outro tipo de açúcar. No caso da cana, é utilizado o resto dela, o bagaço, que contém açúcares complexos. Você pega o bagaço e aplica um pré-tratamento, que transforma esse açúcar complexo num açúcar simples.

Esse processo envolve altas temperaturas e pressões, bem como a aplicação de enzimas. Por isso o etanol 2G é mais caro. 

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E qual a vantagem da nova levedura? Como ela consegue produzir 60% mais álcool?

A nova levedura recebeu genes de bactéria e de fungos filamentosos: bolores, que crescem na madeira e são ótimos em degradar material celulósico.

Por isso, ela consegue usar açúcares que não são totalmente fermentescíveis pelas leveduras naturais, e transformá-los em etanol. Também não requer pré-tratamento tão intensivo, o que economiza energia e enzimas.

A tecnologia já está pronta para aplicação em escala comercial?

Em termos operacionais, isso não é complicado. Tecnologicamente, seriam os mesmos processos já usados hoje. O próximo passo é o interesse das empresas que comercializam leveduras sobre essa tecnologia.

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Como a ideia foi gerada durante o doutoramento de uma aluna, a Dielle Procópio, a gente vai querer royalties que revertam para a educação.

A patente dessa levedura pertence à USP?

Nós acabamos não patenteando a levedura, mas o fato de termos publicado o trabalho nos confere proteção. Se alguma empresa se interessar, nós negociaremos a eventual distribuição de royalties. O etanol 2G ainda custa mais que o de primeira geração. Com essa levedura, a ideia é reduzir custos e torná-lo mais [economicamente] sustentável.

Fonte 1. “Metabolic engineering of Saccharomyces cerevisiae for second-generation ethanol production from xylo-oligosaccharides and acetate”. D Procópio, T Basso e outros, 2024.

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