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Vespas atuam como babás em ninhos vizinhos

Quando há excesso de operárias em um mesmo ninho, os marimbondos-caboclo vão atrás de um "job" extra: tomar conta dos filhotes de outras colônias. Entenda.

Por Rafael Battaglia
18 fev 2021, 12h52

A vespa Polistes canadensis, conhecida também como marimbondo-caboclo, é um inseto de cor ferrugem encontrado em parte da América Central e na América do Sul e, assim como abelhas e formigas, é um animal eussocial – termo aplicado às espécies que vivem em organizações sociais complexas, na qual todo mundo sabe o que fazer: os reprodutores geram descendentes, as operárias vão atrás de alimento, protegem a colônia e por aí vai.

No caso do marimbondo-caboclo, uma recente pesquisa publicada na revista Nature mostrou que há mais uma tarefa na lista de afazeres das operárias: cuidar dos filhotes de ninhos vizinhos. Sim, exatamente como babás.

O estudo foi conduzido por pesquisadores das universidades de Bristol e Exeter e College London, todas do Reino Unido. Eles analisaram mais de vinte mil filhotes de vespa em ninhos ao longo do Canal do Panamá e observaram uma relação interessante: quanto mais operárias em uma colônia, mais se tornam babás em colônias vizinhas.

Faz sentido. Segundo os cientistas, vespas de uma colônia onde há poucas larvas, mas muitas operárias, podem ficar ociosas. É nesse momento em que os insetos saem à procura de outros ninhos para cuidar dos filhotes.

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“É como uma família rica que ajuda os parentes de segundo grau”, comparou Patrick Kennedy, da Universidade de Bristol e líder do estudo, em um comunicado. “Quando já não há mais muito o que fazer com a família mais próxima, as vespas saem oferecendo ajuda a parentes mais distantes.”

Mas o que o marimbondo-caboclo ganha com um ato altruísta como esse? Se olharmos a seleção natural de Charles Darwin, em que impera a sobrevivência do mais apto a gerar descendentes, parece contraditório ajudar alguém: os animais gastam energia, beneficiam outros indivíduos e podem, ainda, colocar-se em risco. O próprio Darwin admitiu essa contradição na sua obra A Origem das Espécies ao descrever, justamente, o comportamento das formigas, que se sacrificam em prol da colônia.

O caso das vespas, vale dizer, não é novidade: nos anos 1960, o biólogo William Donald Hamilton, que estudou o altruísmo animal, veio até o Brasil e se impressionou com o comportamento de babá do marimbondo-caboclo em ninhos distantes. Seirian Sumner, entomóloga e co-autora da pesquisa, observou, em um estudo anterior (também no Panamá), que 50% das operárias dessa espécie realizavam esse tipo de trabalho externo.

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A resposta, sugerem os pesquisadores, pode estar no DNA. Ao cuidarem de vespas de outros ninhos, com quem compartilham parte do código genético, as operárias aumentam as chances de sobrevivência da espécie como um todo – afinal, haverá mais indivíduos para perpetuar os próprios genes para as gerações seguintes.

No fim das contas, tais atitudes altruístas do ponto de vista do indivíduo são egoístas do ponto de vista do DNA. Sendo bom com os seus parentes, você é bom consigo mesmo. Os genes agradecem.

 

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