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Veterinários apontam possível relação entre variante do Sars-CoV-2 e problema cardíaco em pets

A maior circulação da variante B.1.1.7 no Reino Unido coincidiu com a alta de casos de cães e gatos com miocardite em hospital veterinário britânico.

Por Carolina Fioratti
23 mar 2021, 15h19

Cientistas já haviam constatado que cães e gatos podem contrair o Sars-CoV-2 e desenvolver a Covid-19, ainda que tendo chances praticamente nulas de transmitir o vírus para humanos. Na última semana, um grupo de pesquisadores do Ralph Veterinary Referral Centre, um hospital veterinário do Reino Unido, publicou um estudo relatando os primeiros casos de cães e gatos infectados com a variante B.1.1.7.

A pesquisa, que ainda não foi revisada por pares, faz mais do que apenas apresentar os casos de infecção. Ela traça uma possível relação entre a incidência da variante B.1.1.7 e episódios de miocardite, uma inflamação no músculo do coração, em cães e gatos atendidos no hospital veterinário. De acordo com os pesquisadores, a incidência de miocardite subiu de 1,4% para 12,8% dos casos entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 – mesmo período em que a variante ganhou espaço. Cerca de 95% dos casos atuais de Covid-19 em humanos, no Reino Unido, foram causados pela variante B.1.1.7 e ela já se encontra espalhada por pelo menos 85 países ao redor do globo.

A pesquisa analisou a condição de 11 animais, sendo oito gatos e três cachorros. Os problemas cardíacos não constavam no histórico de saúde de nenhum dos pets, mas todos deram entrada no hospital com sintomas sugestivos de insuficiência cardíaca, como letargia (estado de cansaço), perda de apetite, respiração acelerada, batimento cardíaco irregular e até desmaios. Exames laboratoriais diagnosticaram a miocardite. 

Dos 11 animais, sete foram submetidos a testes para Covid-19. Três deles deram positivo para a variante B.1.1.7. Outros dois não estavam infectados mas possuíam anticorpos, indicando exposição prévia ao vírus. Os tutores haviam testado positivo para a Covid-19 antes de os pets desenvolverem qualquer sintoma, sugerindo que o humano transmitiu para o animal. 

Além dos animais do Reino Unido, a variante B.1.1.7 também foi detectada em um cão e um gato que viviam na mesma casa no Texas, EUA, e também em um gato na Itália – mas nenhum deles apresentou sintomas graves. Todos os animais tiveram uma boa recuperação, exceto por um gato do Reino Unido que precisou ser sacrificado após uma recaída. 

Vale deixar claro que a relação entre a variante e os problemas cardíacos não foi confirmada, sendo apenas uma hipótese levantada pelos pesquisadores. Os cientistas devem continuar acompanhando os casos para juntar evidências suficientes que justifiquem a suspeita. De toda forma, caso você esteja com Covid-19, o melhor a fazer é tentar evitar a contaminação dos pets, mantendo-se longe deles e usando máscara na hora de preparar sua comida e limpar seu espaço.

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