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Você sente enjoo no carro? Seu cérebro acha que está sendo envenenado

Sua cabeça é biologicamente neurótica: partes do seu cérebro não sabem diferenciar o movimento na estrada de uma tentativa de intoxicação.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 11 out 2019, 15h02 - Publicado em 15 ago 2016, 20h00

É bem provável que você conheça alguém que não consegue pegar a estrada sem passar mal (aqueles saquinhos não estão no ônibus à toa). Agora, depois de incontáveis paradas no acostamento, a ciência finalmente descobriu o motivo disso tudo: do ponto de vista do seu estômago – e do seu sistema nervoso –, andar de carro pode ser bem parecido com ser envenenado.

Do ponto de vista evolutivo, faz pouco tempo que a humanidade trocou os calcanhares pelos motores, e nossa biologia ainda não é completamente adaptada para essa nova realidade. A verdade é que andar de carro confunde sua cabeça, literalmente: o cérebro recebe sinais de que está se mexendo e que está parado, ao mesmo tempo.

O ouvido interno é responsável por manter o equilíbrio do corpo. Para isso, ele conta com líquidos que se movimentam de acordo com seu movimento — é por isso que, mesmo vendado, você sabe se está deitado ou de pé, reto ou inclinado. O movimento do carro faz com que os líquidos do ouvido interno se desloquem, e, com isso, o corpo sabe que não pode estar parado.

Mas seus olhos e seus músculos dizem outra coisa. Especialmente para quem está sentado no banco de trás: tudo que os olhos veem é o interior do carro, sem movimento algum. Suas pernas também não se mexem. Então por que tem um rebuliço no ouvido dizendo que você está a 70 km/h?

O juiz responsável por dar o veredito sobre o movimento é uma parte do cérebro chamada tálamo, como explica o neurocientista Dean Burnett à rádio NPR. E para responder à pergunta “como estou me mexendo sem me mexer”, o resultado que o tálamo encontra é que você está doidão.

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O cérebro lê a confusão dos sentidos como sintoma de um possível envenenamento. Em termos evolutivos, as causas mais prováveis de desencontro dos sentidos, ao menos na natureza, são neurotoxinas. É por isso que o estômago acaba envolvido em um problema de equilíbrio e movimento. Se existe uma chance de que o corpo tenha sido contaminado, a reação de emergência do cérebro é forçar o organismo a botar para fora o veneno e diminuir os danos.

Para Burnett, olhar pela janela ajuda a equilibrar os estímulos contrários que o corpo recebe, enquanto focar em um pedaço estático de papel (ou seja, ler) aumenta a discordância de opiniões entre sua visão e seu ouvido interno — e faz seu cérebro neurótico sentir mais vontade de “desintoxicar” (o popular “chamar o Hugo”).

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