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Xixi de astronautas pode ser usado para construção de base na Lua

Estudo mostrou que a ureia, misturada com água e solo lunar, pode gerar um cimento extremamente resistente. E o melhor: bem mais barato que o convencional.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 13 mar 2024, 10h11 - Publicado em 19 Maio 2020, 18h29

Pesquisadores da Universidade de Østfold, na Noruega, e da Agência Espacial Europeia (ESA) acreditam que um material inusitado possa servir na construção de bases lunares no futuro: a urina humana. 

Para entender a utilidade do xixi na construção civil, é preciso conhecer um pouco melhor a composição dele. Nossa urina é formada por sais, vitaminas, água e compostos orgânicos – sendo o principal deles a ureia. Ela é o elemento chave nessa história, porque é capaz de quebrar ligações de hidrogênio e reduzir a aderência das misturas líquidas. Não entendeu? Pera aí que já explicamos. 

O plano dos cientistas é misturar água, ureia e regolito lunar (tipo de solo arenoso presente na superfície da lua) para construir. A mistura da água com o regolito resultaria em um material pouco maleável, dependendo da quantidade de líquido. Mas, com a aplicação da ureia, ficaria mais fácil de moldar. Isso porque a ureia funciona como um plastificante, um tipo de suplemento que suaviza a consistência do material. O resultado seria esse apresentado na imagem a seguir: 

(ESA/Divulgação)

Esse protótipo de argamassa foi gerado de forma um pouco mais sofisticada do que estamos acostumados a ver nas obras terrestres – nada de misturar o material em um carrinho de mão. Na verdade, os pesquisadores estão contando com uma impressora 3D, que imprime o cimento lunar fake em formatos cilíndricos.

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Mas e isso serve para construir algo? Ao que parece, sim: o concreto lunar se mostrou extremamente firme. Além de ser capaz de aguentar dez vezes o seu próprio peso, ele também resistiu a testes de mudanças bruscas de temperaturas. Ter essa resistência térmica é imprescindível, já que a temperatura da Lua pode variar dos – 171 º C a 114 º C. Ou seja, uma situação de constante congelamento e degelo. 

(ESA/Divulgação)

“Não seria mais fácil levar material da Terra?”, um leitor mais desconfiado poderia questionar. Até poderia ser, mas o custo de bancar uma nave de suprimentos de construção é muito alto. Levar junto dos astronautas não é uma opção. Afinal, veículos espaciais sempre decolam abastecidos ao máximo – e excessos de carga podem comprometer o sucesso da missão. Segundo a Nasa, levar meio quilo de carga para o espaço custa US$ 10 mil. Por outro lado, uma pessoa produz, em média, 1,5 litro de urina por dia. Logo, trata-se de um material bem acessível.

Ainda não se sabe como a ureia poderá ser extraída da urina lá na Lua. Mas os pesquisadores acreditam que, talvez, isso nem seja necessário. Como a água é o principal componente do xixi e faz parte da mistura de concreto lunar, pode ser que um simples ajuste de proporção seja suficiente para o preparo do material. Dois problemas resolvidos em uma simples ida ao banheiro. 

Não é a primeira vez que a urina aparece relacionada a outras aplicações que não o troninho. O composto é usado na composição de fertilizantes industriais, por exemplo. Além disso, ela também já tem uso garantido no espaço; a água que os astronautas bebem, afinal, nada mais é do que urina que passou por um processo de reciclagem. E acredite, ela é tão limpa quanto a água que você bebe. 

Diversos programas espaciais estão na corrida para estabelecer a humanidade a Lua. A nós, resta esperar para saber quem vai montar sua base por lá primeiro – e quais materiais vai usar para fazer isso.

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