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Sonda chinesa começa a desvendar lado oculto da Lua

Dados de radar da missão Chang'e 4 mostram as camadas que formam a superfície do lado obscuro do satélite.

Por Bruno Carbinatto
27 fev 2020, 18h20

A sonda Chang’e 4, enviada pela China para a Lua no final de 2018, está finalmente começando a desvendar os mistérios do chamado “lado escuro” do nosso satélite. Desde que pousou, no dia 3 de janeiro de 2019, a nave vem coletando dados importantes sobre de uma área nunca vista diretamente pela humanidade. Os primeiros resultados foram publicados na revista Science Advances

A Lua tem um chamado “lado oculto” por conta de um fenômeno conhecido como rotação sincronizada: a duração de seu período orbital ao redor da Terra é a mesma da duração de seu período de rotação em torno do seu próprio eixo. Confuso? Dá uma olhada neste gif:

Synchronous Rotation of the Moon

make science GIFs like this at MakeaGif

Isso faz com que sempre vejamos o mesmo lado da Lua, não importa a época do ano. Além de nunca ser observado diretamente, o lado “oculto” também não tinha sido estudado in loco até agora – alguns satélites só coletaram dados à distância quando passaram por lá.

As novas descobertas vêm do veículo lunar Yutu-2, que se desprendeu da nave principal poucos dias depois do pouso e passou a se locomover lentamente pela Bacia do Polo Sul-Aitken, a maior e mais velha cratera da Lua, com mais de 2.500 km de diâmetro, 13 km de profundidade e quase 3,9 bilhões de anos. Equipado com um instrumento chamado “Radar Penetrante Lunar”, que emite ondas de rádios que penetram no solo, o robô conseguiu mapear quase 40 metros abaixo da superfície da Lua em seu lado escuro, revelando mais sobre a formação do astro.

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Viagem ao centro da Lua

Com isso, os pesquisadores conseguiram identificar três camadas bem definidas no solo lunar – todas formadas por detritos de antigas e diversas colisões de outros corpos na superfície da Lua. Não é de se espantar: a região é cheia de crateras que denunciam esses impactos, como a Finsen e a Von Kármán.

A primeira camada tem 12 metros e é formada de regolito lunar, ou seja, partículas de poeira finas provenientes de colisões com pequenos meteoritos (ou da degradação de rochas por radiação solar). A segunda camada, que vai até 24 metros de profundidade, já apresenta rochas maiores e mais maciças, provavelmente resquícios de impactos maiores. Depois disso, até os 40 metros finais, se estende a última camada, formada por uma mistura de materiais finos e brutos.

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A China já havia estudado o solo lunar com a mesma técnica em 2013 por meio do veículo Yutu-1 – mas ele pousou na região conhecida como Mare Imbrium, que fica no lado visível, e só tinha um alcance de pouco mais que 10 metros. Os novos resultados mostram diferenças significativas na composição da superfície solar, possivelmente por contextos de formação diferentes.

Estudar o solo lunar ajuda a entender a história do satélite e da própria Terra, já que a Lua provavelmente se formou após um enorme impacto de outro pequeno planeta em nosso mundo. 

A missão faz parte de uma série de esforços da China para desvendar a Lua e se estabelecer como uma potência espacial no mundo. Anteriormente, o país enviou outras 3 naves Chang’e – nomeadas assim em homenagem à deusa da Lua na mitologia tradicional chinesa. Uma quinta missão já está sendo planejada, desta vez para coletar amostras e trazê-las para a Terra. Os Estados Unidos e a Europa também têm missões planejadas para a Lua, e a combinação de todos esses estudos podem nos fornecer detalhes sem precedentes do satélite.

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