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Zika pode ser sexualmente transmissível

Já encontraram o vírus em amostras de sêmen, e um provável caso de transmissão sexual foi relatado em 2008, quando a doença ainda não era uma epidemia. E agora?

Por Ana Luísa Fernandes
Atualizado em 4 nov 2016, 19h09 - Publicado em 29 jan 2016, 15h15

Depois de anunciar que a Zika provavelmente vai se espalhar por todos os países da América, exceto Canadá e Chile, a OMS apontou que a doença pode ser sexualmente transmissível, apesar do número limitado de casos relatados. “O vírus da Zika foi isolado no sêmen humano, e um caso de uma possível transmissão sexual foi descrito. Mas são necessárias mais evidências para confirmar se o contato sexual é um meio de transmissão”, disse a organização.

aedes

O primeiro caso conhecido, como relata o The New York Times, aconteceu em 2008, quando o professor  de biologia Brian Foy, da Universidade do Colorado, foi para o Senegal com um aluno, Kevin Kobylinski, em busca de mosquitos para um estudo sobre a malária. Uma semana depois de retornarem para o Colorado, ambos começaram a sentir dores de cabeças, fatiga e erupções cutâneas. Alguns dias depois, a esposa do biólogo começou a sentir os mesmos sintomas. Até aí, nenhuma novidade: muitas doenças causam esses mesmos problemas.

Os três se recuperaram, mas, algum tempo depois, Foy sentiu dores na genitália e sangue apareceu em seu sêmen. Exames mostraram que nem o professor, sua mulher ou o aluno estavam infectados com malária, dengue e febre amarela, doenças típicas da região oeste da África. Um ano depois, Kobylinski voltou ao Senegal, e conheceu um cientista que disse que o caso poderia estar relacionado à Zika. As amostras de sangue, que haviam sido congeladas, deram positivo. A dúvida era como a esposa, Joy Foy, também foi infectada. Como ela não tinha saído do Colorado, Estado com contagem zero de mosquitos Aedes aegypti, a explicação mais plausível era a de que ela tinha contraído o vírus através do sexo – eles disseram que se relacionaram pouco tempo depois do retorno do biólogo.

Foy afirma que tentou arrecadar recursos para estudar o vírus e sua transmissão. Mas, em 2008, o interesse pela Zika era mínimo. Se as pesquisas tivessem sido feitas, quem sabe, muitas complicações de hoje, como a epidemia de microcefalia, poderiam ter sido poupadas.

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O outro caso, mais recente, aconteceu em 2013, durante o surto da doença na Polinésia Francesa. Analisando o sêmen de um homem de 44 anos, cientistas franceses encontraram altos níveis do vírus, mesmo quando ele não estava mais presente no sangue. A urina também estava contaminada. O episódio também não foi levado adiante, e os pesquisadores não sabem por quanto tempo a Zika ficou no corpo do paciente.

Não se sabe ao certo se a Zika é mesmo sexualmente  transmissível. Mas agora, dada a situação alarmante, novas pesquisas não devem demorar a sair. De qualquer forma, o diretor do Instituto de Infecções Humanas e Imunidade, da Universidade do Texas, Scott Weaver, deixa a recomendação: “Se eu fosse homem e constraísse o vírus, esperaria alguns meses antes de fazer sexo sem proteção”.

 
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