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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Do salgueiro à aspirina

O analgésico mais popular da história já existe, de certa forma, há mais de 5 mil anos. E só recentemente descobriram uma segunda, e importante, função para ele. Veja o que isso tem a ver com os avanços mais recentes da farmacologia.

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Atualizado em 19 Maio 2023, 10h06 - Publicado em 19 Maio 2023, 10h04

A escola onde cursei o ensino médio tinha um gramado. E no meio do gramado tinha um chorão. A árvore nos fornecia alívio térmico, com sua sombra, e estético também. Quando você senta debaixo de um salgueiro-chorão, vê um matagal bruxuleante de cabeça para baixo, formado pelas folhas esguias que descem lá de cima. Mágico.

E a real é que esse tipo de árvore traz outros alívios também. A casca do tronco dela funciona como analgésico. Não se trata de uma descoberta recente. A Suméria, civilização que inventou a escrita por volta de 3.500 a.C., deixou registros do uso de casca de chorão para acalmar a dor. Egípcios, chineses e gregos antigos também deixaram suas receitas para o uso medicinal da planta.  

O princípio ativo ali só seria descoberto em 1828. Foi quando o farmacêutico alemão Johann Buchner encontrou um composto peculiar na casca: cristais amarelos que ele batizou como “salicina” (numa derivação de “Salix”, o gênero do salgueiro-chorão).

Farmacêuticos do século 19 aproveitaram para criar um analgésico melhor com base nos cristais. Produziram, então, o ácido salicílico – mais forte, mas que trazia o inconveniente de irritar o estômago. A Bayer daria um tapa extra. Essa farmacêutica alemã desenvolveu uma versão mais amiga do trato gastrointestinal: o ácido acetilsalicílico. E em 1899 ele chegaria às prateleiras com seu nome comercial: “Aspirina”. Nascia ali o remédio mais vendido da história.  

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Quase um século depois, com a pesquisa científica a todo vapor, viria outra descoberta: a Aspirina não era útil apenas contra a dor. Ela também tinha a propriedade de prevenir doenças cardiovasculares, pois evita a formação de coágulos na corrente sanguínea (“afina o sangue”, em linguagem popular).

Nisso, um remédio cujas raízes remontam ao início da civilização ganhava outro uso. Quem passa por uma situação parecida hoje é um medicamento desenvolvido há poucos anos, pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk: a semaglutida.

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O Ozempic, nome comercial do primeiro remédio à base desse princípio ativo, foi aprovado em 2017 nos EUA (e em 2018 no Brasil) para o controle de diabetes tipo 2. Mas não demorou para que um efeito coadjuvante ali chamasse a atenção: a perda de peso. Nisso, médicos passaram a receitar Ozempic a quem não tem diabetes, como um remédio antiobesidade mesmo, de forma off label – ou seja, para uma função fora da bula. E o tratamento virou febre.

Mais recentemente, a Novo Nordisk emplacou outro remédio à base de semaglutida – agora voltado diretamente para quem quer perder peso: o Wegovy (já aprovado pela Anvisa para este fim e que chega ao Brasil no segundo semestre).

Na reportagem de capa deste mês, o editor Bruno Garattoni e o repórter Tiago Cordeiro mostram com riqueza de detalhes como a semagutida funciona e quais são as pedras no caminho para quem se trata com ela. Todo medicamento, afinal, traz seus riscos. E o papel do jornalismo científico é explicá-los de forma clara, sóbria. Boa leitura.

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