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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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O mistério do James Webb: galáxias adultas num universo bebê

As primeiras imagens do novo telescópio espacial colocaram em cheque a teoria mais aceita sobre a evolução cósmica. E tudo certo. A graça da ciência é justamente não ter dogmas.

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17 mar 2023, 10h58

Uma equipe escava um sítio arqueológico da Mesopotâmia. Em meio a vasos de argila e tabletes de escrita cuneiforme, aparece um iPhone. Um iPhone de 5 mil anos.

Um time internacional de astrônomos descobriu algo parecido, e publicou na Nature em fevereiro. Ao analisar imagens coletadas pelo telescópio espacial James Webb, identificaram seis galáxias massivas – que podem abrigar mais de 10 bilhões de estrelas – a uma distância entre 13,1 e 13,3 bilhões de anos-luz. Uma dessas galáxias, dizem os cientistas, provavelmente tem 100 bilhões de estrelas (quantidade comparável à da Via Láctea). É preciso depurar melhor os dados para ter certeza de que essas galáxias são mesmo tão grandes. Mas, caso sejam de fato, a descoberta equivale mesmo a encontrar um iPhone de 5 mil anos.

É que telescópios são máquinas do tempo. Quanto mais longe eles enxergam no espaço, mais profundamente mergulham no passado. Quando o James Webb foca num pedaço do céu e observa as coisas mais distantes que existem ali, ele não está vendo um retrato de como essas coisas são hoje, mas de como elas eram há muito tempo. Simplesmente porque a luz que esses objetos emitem leva bilhões de anos para chegar até aqui. Uma galáxia a 13,3 bilhões de anos-luz da Terra surge na lente do telescópio com a forma que ela tinha há 13,3 bilhões de anos.

Só tem um problema aí. O Big Bang aconteceu há apenas 13,8 bilhões de anos. Essa é a idade do universo. E a teoria mais moderna sobre a evolução cósmica (conhecida pelo pouco amigável nome de “Lâmbda – Matéria Escura Fria”) diz que não: não existiam galáxias de grande porte nas primeiras centenas de milhões de anos após o Big Bang.

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O universo seria simplesmente jovem demais para isso. Não teria havido tempo para a formação de tantas estrelas, nem para o agrupamento delas em estruturas portentosas. E de fato: quando astrônomos observam os confins do universo, só detectam galáxias bebês, pequenas em comparação com as adultas, como a nossa – que levou 13,8 bilhões de anos para ficar deste tamanho.

Só que aí vieram as imagens do James Webb. E elas mostram que, provavelmente, já havia galáxias adultas quando o próprio universo ainda usava fraldas. Como elas teriam aparecido? Ninguém sabe. Ao que tudo indica, precisamos de teorias mais afinadas.

E tudo certo. Conforme novas observações trazem novos fatos, aprimora-se a parte teórica. E o progresso segue. Do dia em que Galileu construiu seu primeiro telescópio, em 1609, até a chegada do James Webb, com seu espelho de 6,5 metros de diâmetro, instalado a 1,5 milhão de quilômetros da Terra, o que tivemos foi um aperfeiçoamento contínuo dos modelos cosmológicos. Que venham mais surpresas, então. São elas que movem a ciência. São elas que dão graça para a vida.

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