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Por Alexandre Versignassi
Blog do diretor de redação da SUPER e autor do livro "Crash - Uma Breve História da Economia", finalista do Prêmio Jabuti.
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Pesquisas eleitorais: a margem do erro

Equívocos nas sondagens são comuns – e já foram até mais grosseiros. Entender que os institutos tradicionais erram por corrupção, porém, é acefalia.

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Atualizado em 26 out 2022, 15h54 - Publicado em 21 out 2022, 10h49

A última pesquisa do Datafolha antes do primeiro turno deu que Lula teria 50% dos votos válidos, contra 38% do segundo colocado. Mas as urnas mostraram um cenário diferente. O resultado final de Lula foi condizente com o levantamento: 48,6%. Mas o adversário teve uma votação bem maior: 41,6%.

Não estou falando das eleições de 2022, mas das de 2006, entre Lula e Alckmin. O Ibope (atual Ipec) também acertou o resultado real petista do líder e errou o do Tucano. Tinha apurado 49% para um e 37% para o outro – quase seis pontos a menos que a realidade.

(Nota: o Ipec foi fundado em 2021 por executivos e acionistas do antigo Ibope. A marca que virou sinônimo de pesquisa foi vendida para o Kantar, um instituto britânico.)

Bom, em 2014 a discrepância foi ainda maior. O Datafolha dava Dilma com 44% e Aécio com 26% às vésperas do primeiro turno. O Ibope, 46% a 27%. Diferenças largas, de quase 20 pontos percentuais. Mas as urnas mostraram outra realidade. Dilma teve 41,6% naquele primeiro turno; Aécio, 33,6%. Meros oito pontos de distância.

O fato é que as discrepâncias entre as pesquisas e as urnas são algo comum. Desde as eleições de 1998, o líder de primeiro turno apresenta um resultado abaixo do esperado; e o segundo colocado, acima. A única exceção rolou em 2018. Em 2022, ela voltou com força, você sabe: o Ipec dava 51% a 37%. O Datafolha, 50% a 36%. Mundo real: Lula 48,4% X 43,2 Bolsonaro.

Outros institutos se aproximaram mais da realidade – caso do Atlas, que cravou 50% a 41%. Ainda assim, a tendência do “o de cima desce e o de baixo sobe” se manteve.

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E não há uma explicação final, científica, para tal propensão. Talvez mais gente que votaria em outros candidatos, e não queira ver uma vitória do líder, tenda a optar de última hora pelo segundo colocado, seja ele ou ela quem for, com o intuito de levar o páreo ao segundo turno. Não que isso faça sentido pelo ponto de vista da lógica. No primeiro turno de 2022, um voto para Eymael (último colocado) seria tão útil para a concretização de um segundo turno quanto um em Bolsonaro. Uma decisão de voto, porém, nunca é puramente lógica. O elemento emocional, mais volátil e menos escrutinável, sempre estará presente.

Mesmo assim, os institutos têm um bom histórico. Imprecisões à parte, estaríamos no escuro sem eles. E trata-se de um mercado com livre concorrência – quem se aproxima mais do resultado ganha mais clientes. Não há incentivo, portanto, para que institutos sérios forjem resultados, ou deixem de aprimorar suas metodologias.

Por fim, há também o lado bom da disparidade entre as pesquisas e a realidade neste primeiro turno: ela baixou a bola dos que demonizam as urnas. A onda conspiracionista dessa ala voltou-se aos institutos após o resultado de 2 de outubro. Menos mal. Disparar contra as pesquisas faz parte do jogo político. Criar desconfiança contra o sistema eleitoral, sem base alguma para tal despautério, não. Jamais. Bom voto no dia 30. E que o mero comparecimento à urna ajude cada um de nós a lembrar que a democracia não caiu do céu. Foi uma conquista da civilização.

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