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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Antiviral da Pfizer mantém eficácia contra Ômicron, diz empresa; molnuvirapir decepciona em testes finais e é vetado na França

Paxlovid reduz em 89% risco de hospitalização e morte por Covid, e testes in vitro mostram efeito mantido contra a nova variante; droga do laboratório Merck tem queda de proteção para 30% e vê seu futuro colocado em dúvida; antivirais complementam as vacinas, e são essenciais para vencer a pandemia

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Atualizado em 14 dez 2021, 13h46 - Publicado em 14 dez 2021, 11h10

Paxlovid reduz em 89% risco de hospitalização e morte por Covid, e testes in vitro mostram efeito mantido contra a nova variante; droga do laboratório Merck tem queda de proteção para 30% e vê seu futuro colocado em dúvida; antivirais complementam as vacinas, e são essenciais para vencer a pandemia 

A Pfizer divulgou hoje os resultados de um teste com 2246 pessoas, das quais parte recebeu o antiviral Paxlovid (nirmatrelvir), que a empresa está desenvolvendo contra o Sars-CoV-2. Entre as pessoas que tomaram o remédio até 72 horas após o início dos sintomas de Covid, o medicamento reduziu em 89% o número de hospitalizações e mortes (na comparação com as pessoas que receberam placebo). Num segundo subgrupo, que começou a tomar o remédio cinco dias após o começo dos sintomas, a eficácia foi quase a mesma, 88%. 

O estudo reuniu pessoas vacinadas, mas que apresentavam fatores de risco para Covid grave, e indivíduos não vacinados. Os antivirais poderão ser muito importantes para casos de “escape vacinal” (em que a pessoa se vacinou, mas mesmo assim acabou tendo Covid), para proteger melhor certos públicos (como pacientes de câncer, transplantados ou imunodeprimidos, nos quais as vacinas não funcionam tão bem) e para cobrir segmentos da população que não aceitam as vacinas ou não têm acesso a elas.

A Pfizer também fez testes in vitro com a Ômicron, em que o Paxlovid “inibiu potentemente a protease 3CL associada com a variante”. Quando o coronavírus invade uma célula humana, seu RNA forma um polipeptídeo, uma cadeia de aminoácidos que contém o código genético do vírus. Mas, para que essa cadeia se transforme em novos vírions (cópias do vírus), ela precisa ser cortada de forma precisa – e quem faz isso é a protease 3CL, uma enzima que o próprio vírus carrega.

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O Paxlovid inibe essa enzima, impedindo a replicação viral – um processo interessante, que explicamos melhor aqui. Ele é um “inibidor de protease”: mesmo mecanismo de ação dos remédios anti-HIV. 

É bem mais difícil geneticamente, para o coronavírus, adquirir mutações para alterar a protease (e com isso driblar os medicamentos inibidores), do que simplesmente mudar alguns pontos da proteína “spike” – que é o que ele faz para escapar dos anticorpos e reduzir a eficácia das vacinas. Segundo a Pfizer, o Paxlovid já foi testado com variantes anteriores (Alfa, Beta, Delta, Gama, Lambda e Mu), com os mesmos resultados que apresentou agora, com a Ômicron. 

Além disso, combinando dois inibidores de protease (que o paciente deve tomar ao mesmo tempo), é possível evitar que o vírus evolua e altere sua enzima, o que reduziria a eficácia dos medicamentos. É justamente por isso que as drogas anti-HIV são tomadas na forma de “coquetel”, combinando várias substâncias. O Paxlovid já contém um segundo inibidor de protease, o ritonavir, na composição, mas essa substância não tem ação direta contra o Sars-CoV-2 (sua função é só prolongar o tempo de ação do ativo principal, o nirmatrelvir). 

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O Paxlovid já foi submetido à aprovação da FDA, que deve responder oficialmente nas próximas semanas, mas tudo indica que o medicamento será aprovado – e possa servir como um complemento às vacinas, dando à humanidade mais segurança quanto ao futuro da pandemia. 

É uma situação totalmente diferente da que está acontecendo com o molnuvirapir, antiviral desenvolvido pelo laboratório Merck (conhecido como MSD fora dos Estados Unidos). Ele foi a primeira grande esperança da nova geração de antivirais, e teve resultados iniciais animadores. Mas, como comentamos já em setembro, havia incertezas envolvendo a possível mutagenicidade do remédio, ou seja, o risco de que ele introduza erros genéticos em células humanas. Também há o receio de que o medicamento, que funciona inserindo erros de cópia no Sars-CoV-2, possa acabar levando ao surgimento de novas variantes. (Exploramos melhor essas questões aqui e aqui.) 

Desde então, o molnupiravir sofreu três grandes reveses. O primeiro foi a votação dos conselheiros da FDA (a Anvisa dos EUA), na qual ele passou com margem bem apertada: 13 votos a favor da liberação do remédio e 10 votos contra. A agência costuma seguir a recomendação dos conselheiros (embora nem sempre), e deve autorizar o lançamento do molnupiravir, mas provavelmente colocará restrições ao uso: ele só poderá ser receitado para pessoas com risco muito alto de Covid grave.

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Isso porque, de acordo com os dados mais recentes, o medicamento reduz em apenas 30% os casos de hospitalização por Covid (bem abaixo dos primeiros números, que apontaram 50% de eficácia). É um desempenho decepcionante e que, combinado com a controvérsia envolvendo mutagenicidade, certamente tira força do molnuvirapir – que recentemente foi vetado pela HAS, a agência de saúde da França, numa decisão que poderá se repetir em outras nações (atualmente, o Reino Unido é o único país onde o medicamento é vendido, com o nome Lagevrio). 

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