iPad Pro é o começo do fim dos notebooks; entenda por quê
Acaba de terminar a apresentação da Apple nos EUA. Ela começou pelo iPad Pro, cuja tela Retina é realmente grande: são 12,9 polegadas, o equivalente a um notebook (e muito mais que as 9,7″ do iPad normal). O iPad Pro consegue rodar dois aplicativos ao mesmo tempo na tela, principal novo recurso do iOS 9, […]

Acaba de terminar a apresentação da Apple nos EUA. Ela começou pelo iPad Pro, cuja tela Retina é realmente grande: são 12,9 polegadas, o equivalente a um notebook (e muito mais que as 9,7″ do iPad normal). O iPad Pro consegue rodar dois aplicativos ao mesmo tempo na tela, principal novo recurso do iOS 9, e tem uma capa que funciona como teclado – exatamente como no tablet Surface, da Microsoft. Falando em Microsoft, a Apple chamou um executivo da empresa para subir ao palco e mostrar o Office rodando no iPad Pro.
Um gesto surpreendente, e que só encontra paralelo na Macworld de 1997, quando Steve Jobs convidou Bill Gates a anunciar o Internet Explorer para Mac (se você ficou curioso, Bill foi vaiado pela platéia naquele dia).
Mais surpreendente ainda é o acessório do iPad Pro: uma caneta, a Apple Pencil. Num tablet desse tamanho, com clara vocação para trabalhos gráficos e produção de conteúdo, faz sentido ter uma caneta. Mas a novidade contraria um dos cânones de Steve Jobs – que abominava o uso de canetas em touchscreens e chegou a tirar uma onda delas na apresentação do primeiro iPhone.
O iPad Pro é uma tentativa de revitalizar o mercado de tablets, que está em declínio. Tem tamanho de notebook. Mas tem condições de substituir um? Potente ele é: o processador é o A9X, segundo a Apple “mais rápido que 80% dos notebooks vendidos no último ano”. A Adobe até mostrou uma versão do Photoshop rodando no tablet – que, segundo ela, têm folego para trabalhar com imagens de até 50 megapixels. Falando nisso, e os softwares? Hoje, a maioria já tem versão para tablet. Geralmente ela é mais limitada, claro. Mas uma tela grande, de 12,9″, permite o desenvolvimento de versões sofisticadas, que realmente possam competir com o desktop/laptop.
Steve Jobs gostava de falar na “era pós-PC”. Comparava os PCs aos tratores, máquinas especializadas para uso profissional, e os tablets aos carros – ferramentas para as pessoas comuns. E o iPad Pro realmente tem chance de concretizar essa visão. Ele é mais leve do que um laptop (pesa 723 gramas), o sistema carrega mais rápido e a bateria dura bem mais. Mas o preço ainda é um obstáculo. A versão básica vai custar US$ 799 – mas ela tem apenas 32 GB, o que não é suficiente para comportar apps equivalentes aos de um desktop. A versão que realmente interessa é a de 128 GB, que custa US$ 949. E se você quiser a capa-teclado, que realmente é necessária, paga mais US$ 169. Acaba saindo mais caro do que um MacBook Air – que, hoje, ainda é mais potente e mais versátil, faz bem mais coisas. Veja bem, hoje. Daqui a 2 ou 3 anos, é bem possível que os sucessores do iPad Pro comecem a matar os notebooks. É até provável. Porque a inovação em software parece estar concentrada no iOS (e no Android). Há muito mais apps sendo desenvolvidos para celular ou tablet do que para desktop. Hoje, trocar o seu desk ou lap por um tablet parece forçado. No futuro, provavelmente não será.
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