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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.

Mesmo com lockdown, casos de Ebola dobram em Uganda; país vai usar vacinas experimentais

Isolamento de região com 1 milhão de habitantes não conteve o surto, que agora soma 109 infectados e 30 mortos; homem contaminado levou o vírus para a capital Kampala, onde o transmitiu para oito parentes e um profissional de saúde

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Atualizado em 6 set 2024, 10h23 - Publicado em 27 out 2022, 15h57

Isolamento de região com 1 milhão de habitantes não conteve o surto, que agora tem 109 infectados e 30 mortos; homem contaminado levou o vírus para a capital Kampala, onde o transmitiu para oito parentes e um profissional de saúde

As medidas anunciadas pelo governo de Uganda, que no último dia 16 impõs um lockdown de três semanas aos distritos de Mubende e Kassanda, epicentro do atual surto do vírus Ebola, não foram suficientes para conter a propagação da doença. Desde o início do lockdown, o número de casos subiu de 58 para 109, e o de mortos cresceu de 19 para 30. 

A entrada ou saída de pessoas dessas duas regiões, que somadas têm aproximadamente 1 milhão de habitantes, foram proibidas (com exceção de veículos transportando alimentos e medicamentos). Mas o Ebola conseguiu transpor essa barreira e alcançar a capital do país, Kampala, onde esta semana foram detectados os primeiros 15 casos – incluindo seis crianças, de três escolas diferentes. 

Segundo as autoridades, o Ebola chegou à capital levado por um homem, que veio de uma das regiões em surto e infectou nove pessoas em Kampala: oito familiares, incluindo a esposa, mais um profissional de saúde que cuidou dele antes de morrer. Na terça-feira, a associação de médicos do país recomendou que a capital seja colocada em lockdown, mas isso ainda não ocorreu. 

O vírus Ebola tem cinco subespécies: a do Zaire, a do Sudão, a da Costa do Marfim, a Bundibugyo (nome de uma cidade em Uganda) e a Reston (cidade americana, na Virgínia, onde ele foi descoberto). O atual surto é causado pela subespécie do Sudão, que tradicionalmente mata 40% a 60% dos infectados (na onda atual, 27,5%). 

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Existem vacinas testadas e aprovadas contra o Ebola, mas elas foram desenvolvidas contra a subespécie do Zaire, a mais letal e comum – e não são eficazes contra a do Sudão.  

Por isso, ontem o ministério da saúde de Uganda anunciou que irá utilizar três vacinas experimentais, ou seja, que ainda não completaram todas as fases de testes em humanos. Elas foram desenvolvidas pelo laboratório americano Merck (conhecido como MSD fora dos Estados Unidos), pelo Instituto Sabin, nos EUA, e pela Universidade de Oxford. Segundo as autoridades, a vacinação deverá começar nas próximas duas semanas.

As três vacinas têm como alvo a subespécie do Zaire. A Merck afirmou que possui 100 mil doses congeladas do seu imunizante, e irá doá-las a Uganda. Elas foram produzidas entre 2015 e 2016, logo após o desenvolvimento da VSV-EBOV (a vacina aprovada da empresa contra a subespécie do Zaire), e chegaram a ser testadas em animais. 

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O Ebola é transmitido por mordidas de morcegos e macacos, pelo consumo da carne desses animais, ou pelo contato com fluidos corporais (sangue, saliva ou sêmen) de humanos infectados. A transmissão também é possível pelo manuseio de objetos infectados, como lençóis e toalhas.

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