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Por Bruno Garattoni
Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Uganda decreta lockdown de três semanas contra o avanço do Ebola

País isola região com 1 milhão de habitantes para tentar conter o surto do vírus, que soma 58 casos e 19 mortes; existem duas vacinas, mas uma delas é ineficaz contra a subespécie Ebola do Sudão, responsável pela atual onda - e a outra ainda não foi testada 

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Atualizado em 17 out 2022, 15h03 - Publicado em 17 out 2022, 14h22

País isola região com 1 milhão de habitantes para tentar conter o surto do vírus, que soma 58 casos e 19 mortes; existem duas vacinas, mas uma delas é ineficaz contra a subespécie Ebola do Sudão, responsável pela atual onda – e a outra ainda não foi testada 

A entrada e saída de pessoas dos distritos de Mubende e Kassanda, que ficam na região central de Uganda e somados têm 1 milhão de habitantes, está proibida por 21 dias, como parte de um pacote de medidas anunciado pelo presidente Yoweri Museveni para tentar conter o surto do vírus Ebola no país – que começou em 20 de setembro e já tem 58 casos confirmados, com 19 mortes. 

Somente veículos de carga transportando gêneros essenciais, como alimentos e remédios, poderão passar. O governo também irá fechar igrejas, restaurantes, lojas e supermercados e impor toque de recolher nos dois distritos. As regiões afetadas ficam a menos de 150 km de Kampala, a capital do país – há dois casos de Ebola na cidade, mas ela não foi incluída no lockdown.   

O Ebola possui cinco subespécies: a do Zaire, a do Sudão, a da Costa do Marfim, a Bundibugyo e a Reston. A do Zaire é a mais letal, e mata 60% a 90% dos infectados. O atual surto é causado pela subespécie do Sudão – a segunda mais agressiva, com 40% a 60% de letalidade. Em Uganda, por enquanto, o índice de óbitos é de 35%.

Esta é a quarta vez que Uganda vive um surto de Ebola. O pior aconteceu no ano 2000, quando houve 425 infectados e 224 mortos. Ele também foi causado pela variante do Sudão. O surto mais letal até hoje ocorreu no Congo, em 2003, com 143 infectados e 128 mortos (89,5%).  

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O vírus -que tem esse nome porque foi descoberto em 1976 em uma vila próxima ao rio Ebola, no Congo- é transmitido por mordidas de morcegos e macacos, pelo consumo da carne deles, ou pelo contato com os fluidos corporais de humanos infectados, incluindo por meio de relações sexuais. A transmissão também é possível através do manuseio de objetos infectados, como lençóis. Não há registro de contágio pelo ar. 

Durante o período de incubação do vírus, que dura até três semanas, o infectado permanece assintomático. Depois disso, os primeiros sinais são febre, dores de cabeça e no corpo – que podem ser confundidos com outras doenças, dificultando o diagnóstico.

O Ebola ataca vários tipos de célula, incluindo as do sistema imunológico, prejudicando o combate ao vírus, e do endotélio, o revestimento interno dos vasos sanguíneos. Isso desencadeia hemorragias internas graves, que acabam levando à morte em até duas semanas.  

Existe uma vacina contra o Ebola: ela se chama Ervebo, foi lançada em 2019 pelo laboratório americano Merck (conhecido como MSD fora dos Estados Unidos) e é eficaz se aplicada até dez dias após a contaminação. É feita com o vírus da estomatite vesicular (VSV), modificado em laboratório para produzir uma proteína do Ebola – que é reconhecida pelo sistema imunológico humano. 

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O problema é que essa vacina foi desenvolvida contra a subespécie do Zaire – ela não funciona contra a do Sudão, que é a responsável pelo atual surto. Existe uma outra vacina, a Zabdeno/Mvabea, que foi criada pela Johnson & Johnson em 2020 e em tese protege contra a subespécie do Sudão. A primeira dose, que se chama Zabdeno, imuniza contra a subespécie do Zaire; a segunda, Mvabea, protege contra as demais.

Mas ela ainda não foi testada contra a subespécie do Sudão (os estudos só avaliaram a eficácia contra a do Zaire). Outro problema é que a vacina da J&J requer dois meses de intervalo entre as doses. Por isso, ela pode não ser tão eficiente para conter a propagação do vírus – numa técnica conhecida como “vacinação em círculo”, que consiste em vacinar todas as pessoas que tiveram contato com um infectado. 

No começo de outubro, os EUA determinaram que todos os voos contendo passageiros que estiveram em Uganda há menos de 21 dias só poderão pousar em cinco aeroportos americanos, onde os viajantes serão submetidos a uma “triagem intensificada” – exatamente o que isso significa (se inclui exames de sangue, por exemplo), não foi divulgado.

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