Números de celular vão mudar em SP. Mas não precisaria ser assim.
Como você deve ter ouvido falar, a Anatel está preparando uma grande mudança nos celulares no Estado de São Paulo. Ela diz que há falta de linhas e propõe criar um novo código de área, o “010”, só para os novos celulares. A Anatel também quer que as operadoras se preparem para adicionar mais um dígito […]
Como você deve ter ouvido falar, a Anatel está preparando uma grande mudança nos celulares no Estado de São Paulo. Ela diz que há falta de linhas e propõe criar um novo código de área, o “010”, só para os novos celulares. A Anatel também quer que as operadoras se preparem para adicionar mais um dígito aos números em 2015. Ambas as soluções são igualmente inconvenientes. Mas são necessárias, diz a Anatel. Será?
Segundo documentos disponíveis no site da própria agência, São Paulo (código de área 011) possui 40 milhões de números disponíveis para linhas de telefonia celular: são os números começados em 6, 7, 8 e 9. Desses, 26 milhões já estão em uso, 2 milhões são reservados para serviços de trunking (tipo Nextel) e 1 milhão começa em “90” e por isso não pode ser usado porque causaria confusão (90 também é o prefixo usado para ligações a cobrar).
Fora isso, existem 4,8 milhões de linhas em “quarentena”. Quando você deixa uma operadora e vai para outra trocando de número, ou seja, sem exercer a portabilidade numérica, seu número antigo fica seis meses bloqueado – nesse período, não pode ser atribuído a outro usuário. Para completar a conta, 4,2 milhões de linhas já estão na “cadeia logística” das operadoras, ou seja, foram atribuídos a SIM cards que já estão no mercado.
Some tudo isso e você chegará ao seguinte: dos 37 milhões de números disponíveis para celular em SP, 35 milhões já foram usados ou estão de alguma forma indisponíveis. Sobram apenas 2 milhões – o que, no atual ritmo de crescimento, não dá nem para um ano. E pronto: a única solução é adicionar dígitos aos novos números de celular. A Anatel está fazendo uma consulta pública sobre a mudança, que deve começar a valer até o final do ano.
O curioso de tudo isso é que, enquanto os celulares se espremem por espaço, no mundo da telefonia fixa (linhas começadas em 2, 3, 4 e 5) há números sobrando. Dos 40 milhões de linhas fixas possíveis no DDD 11, apenas 15 milhões estão em uso. Ora, então por que não tirar um pouco dessa capacidade ociosa da telefonia fixa – cujo número de usuários está estagnado, e tende até a declinar no futuro- e passar para os celulares? Aí, ninguém precisaria adicionar dígito nenhum e tudo seria mais simples, certo?
Errado. Como já existem linhas fixas começadas em 2, 3, 4 e 5, não é possível criar celulares começados com esses números. Se isso fosse feito, haveria o caos: ao discar um número, você não teria como saber se ele é fixo ou celular – e quanto custa a ligação. O problema todo é que, ao fazer a partilha de números na década de 90, a Anatel subestimou o crescimento dos celulares – e foi otimista demais quanto ao uso de telefone fixo. Se ela tivesse concedido menos prefixos para as linhas fixas, hoje estaria tudo bem.
Mas errou. E no futuro, discar um número de celular local será quase tão chato quanto fazer um DDD. Fazer o quê.