Só acreditamos nos cientistas quando a notícia é ruim
Mocinho ou vilão? VILÃO
É fato: os cientistas estão com a moral lá embaixo. (Pobrezinhos.) Um estudo feito por uma equipe de pesquisadores dos EUA sugere que as pessoas frequentemente não levam a sério e rejeitam as opiniões dos cabeças da ciência. Mas com um pequeno porém: a não ser que a notícia seja ruim. Aí o medo fala mais alto, a gente dá um crédito e se entrega aos caras.
Divulgar que uma vacina é totalmente segura, por exemplo, não vai convencer os mais desconfiados de plantão. Mas espalhar que ela tem terríveis efeitos colaterais e pode até matar certamente vai afastar todo mundo. Daí o estudo, que foi publicado em setembro no periódico Public Understanding of Science, conclui que, na melhor das hipóteses, “os esforços dos cientistas para influenciar a opinião pública têm um efeito limitado”.
O resultado é baseado numa pesquisa de opinião feita com 1.475 pessoas (todas da Califórnia, nos EUA) para ver se eles confiavam no que pesquisadores diziam sobre os riscos das operações de exploração de petróleo no Golfo do México (as entrevistas foram feitas bem na época que esse era o assunto do momento). As análises mostraram que as pessoas tendiam a desconsiderar grande parte do que os estudos sobre a segurança das operações apontavam. “Exagero”, para muitos. As únicas partes em que a maioria realmente levava a sério eram as que pintavam os riscos da coisa como maiores do que o esperado. Aí sim o perigo parecia real.
E por quê? O estudo sugere que o público tende a suspeitar dos motivos da ciência ao pensar, por exemplo, que pesquisas governamentais devem ter interesses políticos por trás delas e que, pior, essas “supostas” pesquisas podem representar tentativas de nos controlar, seja alterando nosso comportamento ou nos “obrigando” a fazer coisas que não pretendíamos.
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