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Como as Pessoas Funcionam

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Estudos científicos e reflexões filosóficas para ajudar você a entender um pouco melhor os outros e a si mesmo. Por Ana Prado
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Fofocar pode fazer bem (dependendo das suas intenções)

Por Ana Carolina Prado
Atualizado em 21 dez 2016, 09h49 - Publicado em 18 jan 2012, 17h50

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Fofocar pode destruir a reputação das pessoas, causar brigas e abalar relações. Além de ser feio. Mas sim, tem seu lado positivo. A SUPER já havia divulgado uma pesquisa feito no Reino Unido que falava dos benefícios dos mexericos, mesmo com doses de malícia. Desta vez, um estudo da Universidade da Califórnia em Berkeley publicado na edição deste mês do Journal of Personality and Social Psychology chegou a uma conclusão parecida.

Segundo os pesquisadores, a fofoca tem um papel social positivo em promover a manutenção da ordem por meio da crítica. Se não fossem as fofocas, as pessoas fariam mais coisas erradas. Fora o efeito terapêutico. “Ver alguém fazendo algo errado e poder espalhar essa informação tende a fazer as pessoas se sentirem melhor, acalmando a frustração que levou à fofoca”, explicou psicólogo social Robb Willer, coautor do estudo.

Foram quatro experimentos. No primeiro, 51 voluntários foram conectados a monitores de frequência cardíaca enquanto observavam duas pessoas que jogavam um jogo em que precisavam compartilhar pontos. Depois de algumas rodadas, os observadores puderam ver que um dos jogadores não estava seguindo as regras e acumulava todos os pontos para si. A trapaça fez com que os batimentos cardíacos dos voluntários aumentassem e o ritmo só voltou ao normal depois que o outro jogador foi avisado.

Quanto mais cooperadores e altruístas eles disseram ser, mais frustrados haviam se sentido com a trapaça e mais aliviados ficaram depois de passar o alerta. “O motivo central da fofoca foi o de ajudar outros, muito mais do que falar mal do indivíduo egoísta”, disse Matthew Feinberg, o autor principal do estudo.

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Em outro experimento, os participantes teriam que sacrificar todo o pagamento que receberiam por participar do teste para poder enviar uma “nota de fofoca” e avisar os outros jogadores. Detalhe: mesmo fazendo isso, a pontuação do trapaceiro não iria mudar.  Ainda assim, a grande maioria concordou em pagar.

Os 300 jogadores não eram atores: eles também eram voluntários e tiveram suas ações testadas. Para isso, os pesquisadores os fizeram acreditar que ganhariam prêmios caso vencessem. Apenas alguns deles foram avisados de que havia observadores assistindo ao jogo que poderiam alertar os outros jogadores caso vissem alguma trapaça.

A ameaça de ser alvo de fofocas negativas fez com que praticamente todos os jogadores agissem de forma mais generosa, especialmentea queles que tiveram baixa pontuação no questionário sobre altruísmo que haviam respondido antes do jogo. “Os experimentos mostraram que, quando observamos alguém se comportar de forma imoral, ficamos frustrados. Mas poder comunicar isso a outras pessoas que poderiam ser ajudadas faz com que nos sintamos melhor”, disse Willer.

“Não devemos nos sentir culpados por fofocar, se a fofoca vai impedir que outras pessoas sejam prejudicadas”, disse Matthew Feinberg. Mas atenção: o estudo analisou apenas as chamadas fofocas “pró-sociais”, que, segundo ele, “têm a função de advertir sobre pessoas não confiáveis ou desonestas”. Não tem nada a ver com ficar simplesmente comentando sobre as besteiras que outros fazem sem afetar ninguém.

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