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O Oscar um dia depois

Por Redação Super
Atualizado em 3 set 2024, 10h24 - Publicado em 3 mar 2014, 20h33

Por Cristine Kist e Otavio Cohen

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Bom, agora que a selfie da Ellen DeGeneres já recebeu quase 3 milhões de retweets, agora que o BuzzFeed já faz todos os posts possíveis com os memes da cerimônia (estamos falando de você, Benedict Cumberbatch), agora que a Fernanda Lima já fez um programa especial sobre os mais bem vestidos, enfim, agora que o pior já passou, nos pareceu uma boa hora para dar a nossa opinião sobre os vencedores das principais categorias do Oscar. Então, vamos por partes:
Melhor filme: 12 anos de escravidão

CRISTINE KIST – Seguinte: é provável que daqui a dez ou vinte anos Gravidade seja o filme mais lembrado de 2013. Porque a verdade é que o filme de Alfonso Cuarón foi o mais inovador do ano, não só pelos efeitos visuais lindíssimos, mas por ter contado pela primeira vez de maneira relativamente crível (eu disse relativamente, ok?) uma história que até então parecia tecnicamente impossível de contar. O que eu mais gosto em Gravidade é justamente que ele desafia a lógica (não só a lógica da física, que né, é um pouco desafiada também). O filme se passa no espaço, tem basicamente só uma personagem e essa personagem é uma mulher (uma mulher!). Enfim: tinha tudo para ser histórico. Só que não foi. E esse é o problema. Faltou roteiro. Faltou uma história para a doutora Ryan Stone (apelar para a filha que morreu, sério mesmo?). E bons filmes são, quase sempre, sobre bons personagens. É por isso que a vitória de 12 Anos de Escravidão foi justíssima. A história de Solomon Northup, o violinista negro que foi sequestrado e vendido como escravo, era ótima. De todos os filmes que estavam na briga, 12 Anos era o que mais se aproximava da fórmula tradicional do campeão: história de superação, protagonista carismático, tema relevante. Mas não tem problema, porque ele era mesmo melhor que a concorrência (diferente do Discurso do Rei, que seguia a mesmíssima fórmula e continua engasgado três anos depois).

OTAVIO COHEN – O empate de Gravidade 12 anos de escravidão no prêmio do Sindicato de Produtores ajudou a construir a ideia de que a disputa pelo Oscar era mais acirrada do que na verdade foi. Eu nunca acreditei. Desde muito antes de ter visto todos os filmes, já sabia que 12 anos tinha mais a cara de campeão. Eu até gosto mais de Gravidade. Fazia tempo que não tinha uma experiência tão intensa no cinema. Mas, convenhamos, um filme baseado em fatos reais sobre escravidão num país com tantas feridas históricas ainda abertas como os EUA já tinha meio caminho andado rumo ao prêmio. Ainda mais um filme que tenha todas essas características e ainda por cima seja bom.

 

Leia também: “12 anos de escravidão” ganha o Oscar de Melhor Filme! Confira a lista completa com os filmes vencedores
Diretor: Alfonso Cuarón

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CK: Merecido, o mexicano se arriscou e fez um filme tecnicamente muito bom. E ele foi, aliás, o primeiro latino a levar o prêmio. Steve McQueen também foi muito bem (aquela cena interminável do protagonista amarrado na árvore é histórica), mas a tarefa do Cuarón, na minha opinião (e tudo indica que na da Academia também) era mais difícil.

OC: Li um comentário no Facebook da SUPER que dizia que Gravidade não deveria ter ganhado tantos prêmios técnicos. Afinal, os efeitos especiais todos foram feitos por computador e não foram resultado da “criatividade humana”. É bem o contrário. Toda a construção visual e filosófica desse universo foi produto de uma mente que chega bem perto do que a gente costuma chamar de genial. Alfonso Cuarón é um dos meus diretores favoritos e sua vitória foi uma realização pessoal. Puxo tanto a sardinha para ele que comprei briga com todo mundo que não gostou de Gravidade. E sou otimista a ponto de imaginar que ele foi o primeiro de muitos diretores latinos a terem seus trabalhos reconhecidos. Ouvir os nomes de Alejandro Gonzáles Iñárritu e Guillermo del Toro no discurso de Cuarón me deixou bem feliz.

Atriz: Cate Blanchett

CK: Barbada (se bem que Judi Dench também estava ótima como Philomena). Felizmente, a polêmica em torno da acusação de estupro da filha do Woody Allen não interferiu na decisão do pessoal. Aliás, Cate até agradeceu o diretor no discurso, mas bem rapidinho, para não dar tempo de o Ronan Farrow dizer nada no Twitter.

OC: Previsível até falar chega. Mas não menos merecido. Ninguém está dizendo que Cate Blanchett (ou qualquer outra pessoa no mundo) é melhor que Meryl Streep. Mas Streep não precisa provar nada para ninguém nunca mais. E um Oscar a mais na prateleira do banheiro não faz tanta diferença assim para ela. Mas para Cate Blanchett talvez faça.

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Ator: Matthew McConaughey

CK: Sim, todos nós estávamos torcendo para o Leonardo diCaprio. Só que Jordan Belfort (não me entendam mal) era um personagem muito parecido com o próprio diCaprio: falava igual, vestia igual, era rico, namorava uma mulher lindíssima, essas coisas. E o que o povo quer é ver o ator virar alguém que ele não é. McConaughey não só emagreceu uns 89 quilos como ainda mandou ver num bigodão e no sotaque caipira. Não tinha como dar errado.

OC: Foi mal, Leonardo DiCaprio. Na próxima, se você tiver sorte de fazer um papel realmente complexo (porque Jordan Belfort é tudo menos profundo, né?) e nenhum concorrente absurdamente superior, talvez leve. Agora, vou dizer: achei o discurso do Matthew meio desperdício de tempo.
Ator coadjuvante: Jared Leto

CK: Mesma coisa do McConaughey (só que no lugar do bigodão, tinha um turbante). E fez o melhor discurso da noite. Mas ainda não entendi por que não colocaram uma transexual para fazer o papel de transexual. Século 21 ligou e mandou avisar que ficou chateado.

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OC: Melhor discurso da noite entre os prêmios principais, sem dúvida. Vamos ver se o Jared Leto se convence que é melhor atuando que cantando.

 

Atriz Coadjuvante: Lupita Nyong’O

CK: Que ser humano sensacional é essa moça. Ela nasceu no México, mas foi para o Quênia com um ano de idade. Aí ontem um sujeito mexicano resolveu perguntar na coletiva de imprensa o quanto da vitória dela se devia ao México. Resposta: “Me desculpa, mas eu acho que tudo se deve a mim”. Apaixonei. E, claro, ela estava mesmo perfeita como Patsy.

OC: Até eu que entendo zero de moda saquei que Lupita era a mais bonita da noite. Quando seu nome foi anunciado, comemorei. E não foi só porque foi mais um acerto no bolão da redação. E nem (só) porque eu acho que Jennifer Lawrence já tem muito mais atenção do que merece e não deveria ganhar mais Oscar por alguns anos. É que a moça é boa mesmo. Onde é que ela estava que a gente não a conhecia ainda? Tomara que ela vença o desafio pelo qual passam todos os atores negros em Hollywood e consiga papéis realmente substanciais nos próximos anos.
Filme em língua estrangeira: A Grande Beleza

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CK: A Grande Beleza é daqueles filmes para público culto, refinado, que sabe apreciar o silêncio e não espera grandes cenas de ação. É daqueles filmes em que a “linguagem do cinema” é adaptada para atender à história, e não o contrário. É, enfim, um bom filme. Só que tem um problema: A Caça, do dinamarquês Thomas Vinterberg, é melhor. Mas assim, é muito melhor. É meu campeão moral (haha).

OC: Confesso, ainda não assisti. Mas já dava pra imaginar, né?
Roteiro adaptado: 12 Anos de Escravidão

CK: Não gostei. O roteiro de 12 Anos é burocrático. O final é quase irritante de tão dispensável. Se o filme é bom, é porque a história é boa, o elenco é bom e o diretor é ótimo. Tivesse um roteiro mais arrojado, poderia ter ficado ainda melhor. Antes da Meia Noite, O Lobo de Wall Street e (principalmente) Philomena teriam sido escolhas melhores.

OC: Um roteiro não é só um bloco de papéis com descrições de cenas, falas e orientações para a equipe. É óbvio que a Academia leva isso em consideração quando premia filmes como 12 anos. Não é à toa que o filme e o livro que o inspirou entraram no currículo obrigatório das escolas públicas dos EUA. E não foi à toa que o roteiro levou a estatueta.
Roteiro original: Ela

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CK: Aí sim. Tudo que faltou no roteiro de 12 Anos sobrou aqui. História ótima, diferente de todo o resto e que diz muito sobre nós e o nosso tempo de maneira sutil. O filme é excelente, e Spike Jonze (que fez o roteiro, dirigiu e ainda aproveitou para fazer uma pontinha) merece todos os confetes que está recebendo.

OC: Sabe aquela hora que você sai da sala do cinema reconsiderando sua lista de filmes preferidos da vida? Comigo acontece todo dia, mas na manhã seguinte, passa. Algumas semanas depois de ver Ela, ainda não passou. Ficção científica de primeira. Quem diria que um filme sobre solidão pudesse ser tão maravilhoso. Valeu aí, Spike Jonze.
E vocês, o que acharam dos vencedores?

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