5 tendências do jornalismo digital mundial
Acabei de voltar do 14º ISOJ ( International Symposium on Online Journalism), um dos maiores encontros sobre jornalismo digital do mundo, realizado todo ano em Austin, no Texas. Lá grandes nomes do jornalismo mundial debateram a crise do jornalismo, as adversidades do meio impresso e as tendências do mundo digital. Abaixo um pequeno resumo do que foi debatido e das ideias mais inovadoras que eu ouvi por lá.
1) “Mobile First”: conteúdo para celular e “MoJo”
Estamos vivendo uma revolução turbinada pela explosão da venda de smartphones – e o jornalismo não está preparado para isso. Pelo menos não aqui no Brasil. Agora o leitor carrega seu aparelho (seja o celular, seja o tablet) junto com ele e não espera mais pra chegar em casa e conferir as notícias do dia no computador. O “MoJo” (do inglês “Mobile Journalism” ou jornalismo móvel) já é uma realidade nos Estados Unidos, está sendo ensinado por alguns professores E tem mudado a vida de comunidades pobres. Sim, professores como Alissa Richardson ensinam comunidades de mulheres no Marrocos ou aborígenes na Austrália a produzirem notícias e denúncias usando apenas um smartphone.
2) Adapte-se: design responsivo
Está de saco cheio de não conseguir navegar no seu site favorito via celular? Bom, o design responsivo pretende resolver seus problemas. Design responsivo (do inglês responsive design) engloba “sites” cujo design e informação se adaptam ao formato que o usuário está usando, seja ele um celular, um computador ou sua nova televisão digital. Pelo que pessoas (como Joey Marbuger do Washington Post) falaram no ISOJ essa é uma tendência mundial na qual ainda estamos muito atrasados no Brasil.
3) Dados e interação: data visualization e especiais multimídia
Data visualization (visualização de dados) e especiais multimídia são a grande reportagem do jornalismo digital. Esse tipo de narrativa é uma excelente maneira de contar histórias de forma interativa e de explicar avalanches de dados de maneira digerível pelos leitores. As falas de Hannah Fairfield e Jill Abramson do New York Times foram muito inspiradoras. Ambas deram detalhes sobre a aclamada reportagem multimídia em HTML 5 “Snow Fall“. Jill (que é a editora executiva do NYTimes) disse nem querer saber quanto a produção de “Snow Fall” custou, mas que o “lucro” do projeto foi “to snow fall” ter ser tornado um verbo no jornalismo americano.
4) Dividir para conquistar: empresas devem diversificar sua atuação
Segundo a teoria de Clark G. Gilbert (da Harvard Business School e CEO da Deseret News) empresas que atuam em áreas envolvidas em grandes mudanças – como o jornalismo impresso – devem dividir suas ações em negócios tradicionais e negócios “disruptivos”. Os dois devem ter chefias diferentes e, também, metas e recursos independentes. Jim Moroney ( editor e CEO do “Dallas Morning News“) assina embaixo e diz que a integração entre redações do impresso e do online só são uma forma de economizar direito. O “Dallas Morning News” criou diversas startups para oferecerem serviços, criarem conteúdo publicitário e manterem o negócio das notícias rodando.
5) Jornalismo de startups: seu emprego não será num grande jornal
Tanto no ISOJ quanto no “VI Colóquio Iberoamericano de Periodismo”, a tendência do empreendedorismo no jornalismo parece ter vindo pra chegar. O emprego para o estudante de jornalismo não estará, necessariamente, nas redações das grandes empresas mas no seu próprio blog, seu projeto financiado por fundos ou crowfunding ou em startups que fundirão tecnologia e jornalismo.
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