Jornalista digital brasileiro não tem mais cara de bandido
Quando eu era moleque, gostava de imaginar como seria minha banda de rock perfeita. Ficava pensando qual seria o melhor baixista (Flea, claro), o melhor vocalista, o batera mais virtuose e o guitar hero que comporiam essa “superbanda” perfeita. (Tudo bem que já fizeram isso na vida real, chamava Beatles :-P). Muitos amigos menos nerds faziam o mesmo com seleções de futebol: inventavam equipes com Maradona, Pelé e Cruijff jogando do mesmo lado.
Hoje, formado em jornalismo, eu não brinco mais de montar “superbandas”, mas tento recuperar aquele espírito para formar as equipes que lidero (e liderei) na Editora Abril. E quando recebo notícias de que dois de nossos trabalhos (“Brasil em números” do Guia do Estudante/Almanaque Abril e “República Imigrante do Brasil” da SUPERINTERESSANTE) são finalistas no prestigiado prêmio internacional SPD (Society of Publication Designers) e que outros 6 de nossos projetos estão entre os 16 finalistas do “Prêmio Abril de Jornalismo” nas categorias digitais, eu gosto de pensar que as 14 pessoas do Núcleo Jovem & Infantil Digital são esse “supertime“.
Jornalista digital tinha cara de bandido.
Por mais que a internet seja um fenômeno da segunda metade dos anos 90 (do século XX), quando eu cheguei na Editora Abril, em 2006, ainda se tinha a impressão de que “jornalista digital brasileiro tinha cara de bandido“. Exagero? Bem, entre no meu DeLorean, volte pro passado comigo e imagine o seguinte cenário: suas tias e avós viviam te peguntando se você não ia trabalhar na TV igual o William Bonner, seu pai ficaria feliz se você virasse um respeitável articulista de jornal impresso e nós mesmos, jovens jornalistas, vínhamos para Editora Abril loucos para fazer revista.
Bytes e bits se passaram e, em 2008, eu entrei para a pequena e brava equipe digital do Núcleo Jovem, na época liderada pelo Rafael Kenski, um jornalista visionário que tinha criado os primeiros ARGS do Brasil e estava desenvolvendo um newsgame (jogo jornalístico) pioneiro chamado “CSI: Ciência Contra o Crime“. Naquele ano, a equipe ganhou uma medalha de prata no Malofiej (o Oscar da infografia) e teve uma indicação para o “Prêmio Abril de Jornalismo”. Com o passar do tempo, conseguimos ampliar nosso espaço e reconhecimento. Mais que isso, começamos a criar uma linguagem digital própria, um jornalismo online que não copiava e colava só matérias do impresso, que não procurava só repetir fórmulas do passado que buscava inventar usa linguagem. E procurávamos fazer isso em sinergia com os times das revistas e não contra eles. Quanto mais integrado e 360º um conteúdo pudesse ser, melhor.
Os prêmios nessa história toda não são um fim, mas um meio de medir a qualidade do seu trabalho – um termômetro. Num mundo onde a quantidade de cliques de uma matéria (contados em tempo real) indica sua relevância, a gente fica muito refém do que o cara quer ler na hora (o flagra de famosos, o vídeo engraçado, o resultado do futebol) e não do que pode ser inovador, do que pode trazer um benefício a longo prazo ou do que pode ser, simplesmente, uma boa história. (Por isso, amiguinhos, lembrem quando criticarem as “homes/capas” dos portais de notícias cheias de bundas e BBBs que são seus cliques que estão mantendo elas lá).
E quem são os responsáveis por tudo isso?
Bom, quem rala para entregar o conteúdo digital mais inovador e interessante todos os dias para vocês são os rostinhos que estampam o começo desse post. Essa equipe não cuida só do site e das redes sociais da SUPERINTERESSANTE, mas também dos projetos digitais das marcas Mundo Estranho, Guia do Estudante e Recreio. A Mariana Nadai, editora-assistente, contribui com seu idealismo e liderança aliada à maquina de fazer posts geniais composta pela dupla geek Otavio Cohen e Carolina Vilaverde – os responsáveis pelo que vocês lêem aqui no site da SUPER. A eles se junta a criativa e antenada Ana Prado – responsável pelo blog “Como as pessoas funcionam” e também pela reportagem do site do Guia do Estudante, onde trabalha com a Carolina Vellei, uma apaixonada pelo poder transformador da educação na vida dos nossos internautas.
Todos nossos jornalistas pensam em redes sociais 24 horas, mas a Lorena Dana é responsável por checar e atender TODAS interações do nosso público no Facebook e, ainda, por traçar estratégias para nossas marcas. Os belos infográficos e os jogos informativos que desenvolvemos passam pelas mãos do nosso time de designers: Alexandre Nacari que acaba de chegar para substituir o talentoso Daniel Apolinario na tarefa de coordenar o belo trabalho da Juliana Moreira (uma ninja do CSS e do acabamento detalhista) e a idealista e pró-ativa Laura Rittmeister. O código dos nossos sites fica nas mãos do Thiago Moura, um programador que vê o mundo além da Matrix. E o time ainda tem a ginga carioca do Felipe Thiroux, responsável pelos desenhos animados da Recreio e animações da capa da versão de iPad da SUPER, a pilhada Ludmilla Balduino que toca o vibrante site da Recreio e nosso estagiário Vinicius Giba que recheou a home do site da Mundo Estranho de gisf animados que contam histórias.
Ufa! É muita gente, mas o talento deles merece ser destacado. Porque é essa “superbanda” de jornalismo online que tem me ajudado a acreditar que hoje em dia, jornalista digital brasileiro já não tem cara de bandido. Tem cara de jornalista mesmo