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Por que a moeda brasileira se chama real?

São basicamente dois motivos: um histórico, outro prático.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Alexandre Versignassi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 jan 2019, 16h47 - Publicado em 4 jan 2019, 14h10
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  • “Real”, no sentido de realeza, era a moeda adotada por Portugal e suas colônias desde a época das Grandes Navegações – o plural era “réis”, de onde vem a expressão “conto de réis”, que equivale a um milhão de réis. No Brasil, o Real português vigorou dos tempos coloniais até 1942, no auge do Estado Novo de Getúlio Vargas. 

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    Àquela altura, a inflação já tinha comido tanto o valor do velho real que a unidade básica da economia era o “mil reais” – “miréis” na fonética daqueles tempos. Getúlio, então, instituiu uma nova unidade monetária, o cruzeiro – este um nome 100% nacional, referindo-se ao Cruzeiro do Sul, a constelação mais distinta do nosso hemisfério. E cada cruzeiro valia mil reais.

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    A partir dali, porém, a inflação só fez acelerar. Nos 25 anos entre 1942 e 1967, tivemos inflação de pelo menos 2 dígitos em 23. O “mil cruzeiros” já era a nova unidade monetária. A Ditadura Militar, então, mandou cortar três zeros. Surgia o Cruzeiro novo.

    Mas faltou combinar com as nossas equipes econômicas. A Ditadura seguiu imprimindo dinheiro para encher o país de obras. O Banco do Brasil, para você ter uma ideia, tinha o poder de fabricar moeda. Se o governo precisasse de dinheiro para fazer um hidrelétrica, ou para pagar o espumante das festas, pedia para o Banco do Brasil imprimir notas, pagava tudo, e beleza. O que podia dar errado?

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    Tudo, claro. Quando você enche a praça de dinheiro, o próprio dinheiro vira carne de vaca. Perde valor. A essa perda de valor, você sabe, damos o nome de “inflação”.

    E a inflação saiu dos dígitos. Foi para três – mais de 100% ao ano. Hora de mudar a moeda de novo.

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    (Reprodução/Superinteressante)

    Em 1986, o governo Sarney aposentava o cruzeiro e inaugurava o “cruzado”. Como estamos falando de nome de moeda aqui, vale um adendo. “Cruzado” era a moeda de prata que Portugal usava na época das Grandes Navegações. Nisso, a equipe de Sarney encarregada de dar nome à nova moeda matava dois coelhos. Usava um nome com estofo histórico e que, ao mesmo tempo, não soava alienígena, já que lembrava a denominação da moeda anterior.

    E aí… Bom, os desmandos financeiros do Estado seguiam de vento em popa. Em 1987 a inflação chegou perto de 500%. Em 1988, passou de  1.000%. Em 1989, roçou os 2.000%.

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    Hora de trocar de moeda de novo. Chegava o cruzado novo. Em 1990, Fernando Collor assumiu e determinou que o cruzado novo voltasse a se chamar “cruzeiro” – por questões estéticas e para deixar seu glorioso confisco à poupança mais didático. Os cruzeiros circulariam livremente; os “cruzados novos” ficariam retidos. Só uma baboseira linguística para fazer com que o pior plano econômico da história do país parece menos patético do que era de fato.

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    Por essas e outras, Collor acabou saído. Deixou no lugar o vice Itamar Franco e uma inflação que, em 1993, chegaria ao seu maior valor histórico: 2.477%.

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    Itamar, que entendia tanto de economia quanto de penteado, propôs a seu ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, “prender o Abílio Diniz e congelar os preços” – Abílio, então dono da rede de supermercados Pão de Açúcar deveria ser preso, na cabeça do então presidente, para deixar de aumentar preços – como se quem criasse inflação fosse quem comercializa produtos, e não quem imprime moeda.

    Em 1994, enfim, a equipe de FHC lançou o Plano Real. Não foi um simples corte de zeros. Houve um trabalho que envolveu saneamento das contas públicas, com cortes violentos de gastos (de modo a controlar a própria emissão de moeda), e, mais tarde – a partir de 1999 –, com a adoção do regime de “metas de inflação”. Grosso modo, esse regime diz que, se a inflação subir além de um patamar aceitável, deve-se aumentar os juros básicos da economia. Juros altos freiam o consumo e os financiamentos bancários. Isso esfria a economia. Passa a circular menos moeda, e o valor do dinheiro se mantém. É por isso que, desde a década de 1990, o risco de hiperinflação caiu a zero. 

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    Por que o “real” ganhou esse nome? Por que ele matava dois coelhos também. Tem fundo histórico, já que é o nome da moeda anterior ao cruzeiro, e remete à ideia de uma moeda com “valor real”.

    As origens dos nomes de mais três moedas:

    Libra esterlina

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    Libra é a unidade de peso (0,45 kg). E sterling é o nome de uma liga metálica com 92,5% prata. Ou seja: “meio quilo de prata sterling”.

    Dólar

    Vem de thaler, da palavra alemã Joachimsthal – nome do vale onde a prata usada para fabricar as moedas era mineirada.

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    Iene

    Em japonês, yen significa simplesmente “redondo” – porque moedas, afinal, são redondas.

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